Esposa de premiê da Espanha se recusa a depor em caso de corrupção
Advogado de Begoña Gómez, Antonio Camacho, informou ao juiz Juan Carlos Peinado que sua cliente aproveitaria o direito de não testemunhar
Begoña Gómez, esposa do primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, se recusou a testemunhar no julgamento contra ela por corrupção e tráfico de influência. A audiência foi interrompida em cerca de 10 minutos após o seu advogado, Antonio Camacho, informar ao juiz Juan Carlos Peinado que Gómez aproveitaria o direito de não testemunhar. Ela foi intimada pela Justiça no início de junho, decisão definida pelo premiê como “assédio político”, e esteve presente no tribunal pela primeira vez em 5 de julho.
Em declarações a jornalistas, Camacho afirmou que sua cliente “não testemunhou, não porque tenha algo a esconder , não porque não queira dar explicações, mas porque a sua defesa recomendou isso para ela”. Ele também alegou que “o procedimento carece de qualquer finalidade neste momento” e “ficou sem conteúdo”, porque os contratos atribuídos ao empresário Juan Carlos Barrabés foram enviados para a Procuradoria Europeia, que seria o objeto da investigação, segundo a defesa de Gómez.
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A acusação
As acusações contra Gomez nasceram de queixa privada do Manos Limpias (Mãos Limpas, em português), grupo ativista liderado por Miguel Bernad, um advogado e político de extrema direita. O grupo alegou que ela usou sua influência como esposa do primeiro-ministro para conseguir patrocinadores para um curso de mestrado universitário que ela coordenava.
Um relatório da Universidade Complutense de Madrid recentemente enviado ao tribunal, que tratou sobre uma possível apropriação ilegal de um software do instituto por Gómez, estabeleceu que não há como concluir qualquer irregularidades por falta de dados.
Sánchez na mira
O partido ultradireitista espanhol Vox, que lidera as acusações populares do caso, anunciou que, em razão da recusa de Gómez, pedirá ao juiz que Sánchez seja convocado. O eurodeputado do Vox, Jorge Buxadé, disse a repórteres que se a “esposa invoca o seu direito de não testemunhar e não dá as devidas explicações, Sánchez terá que comparecer como testemunha”.
Nas redes sociais, Buxadé questionou: “quantas empresas o presidente convocou para facilitar o trabalho da esposa?”, escreveu. Nos arredores da Plaza de Castilla, cerca de 30 manifestantes protestaram contra Gómez e o governo de Sánchez, com gritos de “Juan Carlos Peinado, estamos ao seu lado” e “ladrões”.