Um dia depois de reunião com Celso Amorim, assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse esperar “continuar o diálogo com o presidente Lula e dar-lhe boas-vindas à Ucrânia”.
Em publicação nas redes sociais, Zelensky disse que enfatizou a Celso Amorim que “o único plano capaz de impedir a agressão russa na Ucrânia é a Fórmula da Paz Ucraniana” e que a possibilidade de uma cúpula Ucrânia-América Latina também foi discutida.
Met with Special Advisor on Foreign Policy to the President of Brazil Celso Amorim. Emphasized that the only plan capable of stopping Russian aggression in Ukraine is the Ukrainian Peace Formula. We discussed the possibility of holding the Ukraine-Latin America Summit. I look…
— Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) May 11, 2023
Além de Zelensky, o ex-chanceler brasileiro também se reuniu em Kiev na quarta-feira com o vice-ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrij Melnyk, que representou a pasta na ausência do chanceler Dmitro Kuleba, fora do país.
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Apesar de a reunião ter sido a portas fechadas, Melnyk, que também é representante ucraniano para as Américas, ressaltou que “o Brasil pode desempenhar um papel importante para cessar a agressão russa e alcançar uma paz duradoura e justa”. Em publicação nas redes sociais, o vice-chanceler também citou o interesse em revigorar uma parceria estratégica selada em 2009, agradecendo em português ao final do texto com “Obrigado”.
O objetivo da viagem de Amorim à Ucrânia, reforçada pelo presidente Lula durante viagem a Londres na semana passada, era que o brasileiro ouvisse de Zelensky “quais são as principais exigências do governo ucraniano para dar início a negociações de paz”, segundo o Planalto. Ao mesmo tempo, o encontro tinha o objetivo de reforçar “a intenção do governo brasileiro de facilitar processos que estabeleçam negociações pela paz na região”, abalada pelo conflito com a Rússia, que segue desde fevereiro do ano passado.
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Em abril, Amorim viajou à Rússia para um encontro com o presidente Vladimir Putin, que enviou seu chanceler, Sergei Lavrov, a Brasília pouco depois. Após reunião com o ministro Mauro Vieira, Lavrov afirmou que Brasil e Rússia têm “visões únicas” em relação ao que acontece no Leste Europeu.
Embora o Brasil tenha votado para condenar a invasão russa nas Nações Unidas em março, Lula sempre foi ambivalente sobre o conflito, ao mesmo tempo em que tenta colocar o país como um possível mediador ao conflito. Recentemente, ele sugeriu que a Ucrânia deveria considerar abrir mão da Crimeia para concretizar um acordo de paz e, em uma coletiva de imprensa no sábado 15, disse que os Estados Unidos e a Europa prolongam e encorajam a guerra na Ucrânia.
No Brasil, a abordagem da guerra na Ucrânia é vista como parte de uma longa tradição de neutralidade da política externa. Em um mundo altamente polarizado e muito diferente do que era nos dois primeiros mandatos de Lula, contudo, ser imparcial tem um preço cada vez mais alto.