Espanha: Sánchez forma coalizão com extrema esquerda para formar governo
O Partido Socialista da Espanha (PSOE) e o Sumar assinaram um acordo; Sánchez ainda precisa do apoio de partidos separatistas catalães
O Partido Socialista Operário da Espanha (PSOE) e o partido de extrema esquerda Sumar assinaram nesta terça-feira, 24, um acordo de coalizão em uma tentativa de formar um novo governo, encabeçado pelo primeiro-ministro Pedro Sánchez.
O líder socialista ficou encarregado de buscar os assentos necessários no Parlamento para conseguir governar após as eleições inconclusivas em julho. No pleito, o conservador Partido Popular (PP) venceu o PSOE por uma margem apertada, mas não obteve cadeiras parlamentares suficientes para alçar seu líder, Alberto Núñez Feijóo, ao cargo de premiê.
“Este acordo de governo para uma legislatura de quatro anos permitirá ao nosso país continuar a crescer de forma sustentável e com emprego de qualidade, desenvolvendo políticas baseadas na justiça social e climática, ao mesmo tempo que alarga os direitos, as conquistas feministas e as liberdades”, informaram o PSOE e Sumar em declaração conjunta.
Para montar um novo governo, no entanto, Sanchéz ainda precisa conquistar o apoio de dois partidos separatistas catalães. As legendas colocam como condição inegociável a concessão de anistia aos envolvidos em uma tentativa fracassada de declarar a independência da Catalunha, há seis anos. O premiê interino, que ocupa o cargo há cinco anos, não mencionou esses pedidos durante o evento desta terça-feira, no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia.
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Junto à líder do Sumar e vice-primeira-ministra interina, Yolanda Díaz, ele assinou o documento de coalizão de 48 páginas. O tratado, com 230 propostas, inclui um plano para reduzir a jornada de trabalho de 40 para 37,5 horas por semana até 2025, com a mesma remuneração. A dupla também deseja elevar o salário mínimo, bem como aumentar a licença paternal para 20 semanas.
“É um acordo para o povo e um compromisso com o nosso país”, disse Díaz. “Vamos ganhar tempo para viver, para cuidar de nós mesmos e para sermos felizes. É para isso que serve a política. Reduziremos a semana de trabalho sem reduzir os salários.”
Ela e Sánchez também reforçaram o compromisso com a igualdade de gênero e com a proteção do meio ambiente por meio de políticas públicas, como a troca de aviões por trens em viagens menores que duas horas e meia. Além disso, prometeram revogar partes da norma conhecida como “lei de mordaça”, que restringe a liberdade de expressão.
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Sánchez definiu o novo passo como “um acordo para um novo governo de coligação progressista”. O premiê também aproveitou o espaço para criticar as antigas administrações “neoliberais” do PP, que teria implementado uma “corrupção sistêmica”.
Em resposta, Feijóo criticou o socialista pela aproximação aos partidos separatistas bascos e catalães. Ele disse que, sem o apoio dos grupos pró-independência, o acordo “não valia o papel em que está escrito”.
“Nem o primeiro-ministro em exercício, nem o vice-primeiro-ministro em exercício, nem os seus partidos vão decidir o que vai acontecer na Espanha”, disse ele. “[No governo Sánchez], isso caberá aos partidos que nem sequer acreditam na Espanha.”
A coalizão do primeiro-ministro interino tem até 27 de novembro para obter apoio no Parlamento, de forma a garantir o novo governo. Caso o plano não seja bem sucedido, serão convocadas novas eleições e a Espanha retornará às urnas em janeiro. Será a sexta eleição geral em nove anos no país.