Os governos de Espanha, Bélgica, Dinamarca, Lituânia e Polônia enviaram uma carta à União Europeia na terça-feira 23, pedindo o aumento da capacidade de produção de vacinas na região. Os cinco países registraram atrasos em suas campanhas de imunização contra o novo coronavírus.
“Nossa principal mensagem hoje é que precisamos integrar e direcionar estrategicamente nossa cadeia de investimentos para aumentar as capacidades de produção de vacinas na Europa”, diz o texto direcionado a Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, órgão que reúne os chefes dos Estados membros do bloco.
O pedido enfatiza que o acesso oportuno a vacinas suficientes “continua sendo um desafio” e que os problemas de produção estão causando “atrasos significativos”. Junto ao surgimento de novas variantes do vírus, a demora pode “comprometer nosso caminho para uma recuperação completa e vida normal”.
Os cinco governos defendem ainda o apoio aos laboratórios europeus em caso de problemas inesperados na fabricação. Para eles, é dever do Conselho Europeu coordenar a adaptação ou construção de novas instalações, conforme necessário.
“Isto deverá proporcionar, agora e no futuro, aos nossos cidadãos europeus acesso a novas vacinas, incluindo quando for necessário revacinar ou adaptar os nossos programas de vacinação a mutações ou mesmo novas pandemias”, afirma a carta. O texto também pede por diversificação: que todos os potenciais produtores de vacinas na Europa sejam envolvidos e parcerias público-privadas sejam criadas.
“Devemos estar prontos para estudar abertamente todas as possíveis formas e necessidades de obter financiamento para facilitar esses esforços”, escrevem os cinco países, acrescentando que a União Europeia também deve apoiar o acesso a vacinas no resto do mundo e “abordar este tema de forma coletiva”.
Ursula von der Leyen, presidente do Executivo do bloco, a Comissão Europeia, usou o Twitter para agradecer a estes países por seu “apoio e compromisso” com a vacinação na União Europeia. Segundo ela, o bloco está “alcançando” a velocidade do programa de vacinação contra a Covid-19 do Reino Unido, que oficializou sua separação no ano passado.
Os últimos dados sugerem que 27% da população do Reino Unido receberam a primeira dose, em comparação com 6% da população da União Europeia.
Contudo, em face da escassez de imunizantes, o governo da Hungria começou a administrar a vacina produzida pelo laboratório chinês Sinopharm – ao invés das aprovadas da Pfizer, AstraZeneca e Moderna. A Bélgica alertou sobre “sérios atrasos” em seu calendário, com a vacinação de pessoas com mais de 65 anos adiada para o final de março. Ceticismo em torno do imunizante fabricado pela AstraZeneca ameaça as campanhas em diversas nações, principalmente a França, onde Emmanuel Macron afirmou que a vacina é quase ineficaz em idosos.
Atrasos na entrega de vacinas ao bloco, que até agora recebeu 40,7 milhões dos 106 milhões que espera obter no primeiro trimestre do ano, expuseram os problemas de produção no continente, onde existem apenas 16 fábricas com a capacidade de processar os fármacos.
Bruxelas está estimulando a troca voluntária de patentes entre as farmacêuticas, para que possam fabricar os medicamentos de outras empresas. Por enquanto, só a francesa Sanofi está produzindo vacinas da americana Pfizer, de acordo com o jornal britânico The Guardian.
(Com EFE)