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Escolas nos EUA retrocedem 20 anos em matemática e leitura pela pandemia

Resultados de teste nacional de educação mostraram que últimos dois anos criaram defasagem para crianças de 9 anos, especialmente as mais vulneráveis

Por Da Redação
1 set 2022, 10h36

Os resultados dos testes nacionais de educação dos Estados Unidos, divulgados nesta quinta-feira, 1, mostraram que a pandemia teve efeitos catastróficos no aprendizado. O desempenho em matemática e leitura de crianças de 9 anos caiu para os níveis de duas décadas atrás.

Pela primeira vez desde o início da Avaliação Nacional do Progresso Educacional na década de 1970, crianças de 9 anos perderam terreno em matemática e as pontuações em leitura caíram pela maior margem em mais de 30 anos. Os declínios abrangeram quase todas as raças e níveis de renda.

Enquanto os top 10% alunos tiveram uma queda modesta no desempenho – três pontos em matemática – os alunos do 10% inferior caíram 12 pontos em matemática, quatro vezes o impacto.

Os testes foram aplicados a uma amostra nacional de 14.800 crianças de 9 anos e comparados com os resultados de testes realizados pela mesma faixa etária no início de 2020, pouco antes da pandemia chegar aos Estados Unidos.

Em matemática, alunos negros tiveram desempenho 13% pior, em comparação com 5% entre os alunos brancos. A pesquisa documentou o efeito que o fechamento de escolas teve em alunos de baixa renda e em alunos negros e hispânicos, até porque suas escolas foram mais propensas a continuar com aulas remotas por períodos mais longos.

Os declínios nos resultados dos testes significam que, embora muitas crianças de 9 anos possam demonstrar compreensão parcial do que estão lendo, menos podem interpretar os sentimentos de um personagem a partir do que leram. Em matemática, os alunos podem conhecer fatos aritméticos simples, mas menos podem somar frações com denominadores comuns.

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Os contratempos podem ter consequências poderosas para uma geração inteira de crianças. Susanna Loeb, diretora do Instituto Annenberg da Brown University, que se concentra em desigualdade educacional, disse ao jornal The New York Times que os resultados desses testes são preditivos de seu sucesso mais tarde na escola e de suas trajetórias educacionais em geral.

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A Avaliação Nacional do Progresso Educacional é considerada um padrão-ouro em testes. Ao contrário dos testes estaduais, ele é padronizado em todo o país, permaneceu consistente ao longo do tempo e não faz nenhuma tentativa de responsabilizar as escolas pelos resultados.

Desde sua primeira edição nos anos 1970, as pontuações em leitura, e especialmente em matemática, tendem a subir ou se manter estáveis. Isso incluiu um período de progresso acentuado desde o final dos anos 1990 até meados dos anos 2000. Só que, ao longo da última década, as notas dos alunos atingiram um platô, e lacunas entre os alunos de baixo e alto desempenho aumentaram.

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Com a pandemia, que fechou escolas em todo o país da noite para o dia, a situação se exacerbou. Professores começaram a dar aulas por Zoom, alunos lutavam do outro lado para aprender online – situação que durou muitos meses em algumas escolas, e algumas só reabriram totalmente no fim do ano passado.

Segundo estimativa de Andrew Ho, professor de educação em Harvard, perder um ponto no exame nacional significava, aproximadamente, três semanas perdidas de aprendizado. Isso significa que um aluno de alto desempenho que perdeu três pontos em matemática pode recuperar o atraso em apenas nove semanas, enquanto um aluno de baixo desempenho que perdeu 12 pontos precisaria de 36 semanas, ou quase nove meses – e ainda vai estar atrás de seus pares mais avançados.

Há soluções bastante básicas, embora difíceis de executar. Martin West, membro do conselho que supervisiona o teste educacional, disse que os alunos com baixo desempenho precisam passar mais tempo aprendendo, seja na forma de tutoria, estendendo dias de escola ou fazendo escola de verão (espécie de reforço ou recuperação durante as férias escolares).

O governo federal orçou um pacote de US$ 122 bilhões para ajudar os alunos a se recuperarem, o maior investimento individual em escolas que o país já fez, e pelo menos 20% desse dinheiro deve ser gasto em recuperação acadêmica. No entanto, algumas escolas estão passando por dificuldades em contratar professores – o déficit passa de 280.000 –, quanto mais tutores, e outras podem precisar gastar muito mais de 20% do pacote para fechar grandes lacunas.

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