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Erdogan ameaça atacar as tropas de Assad ‘por todos os meios necessários’

Tensões entre Damasco e Ancara subiram após a morte de 13 soldados turcos pelo regime; comboio americano hostilizado mata uma pessoa

Por Da Redação
Atualizado em 30 jul 2020, 19h29 - Publicado em 12 fev 2020, 13h41

O presidente da Turquia, Recep Erdogan, apresentou nesta quarta-feira, 12, o seu plano para intimidar e conter o avanço das tropas do ditador da Síria, Bashar Assad, sobre a província síria de Idlib, o último enclave rebelde. O projeto consiste no uso da Força Aérea para forçar o Exército sírio a abrir mão do território conquistado nos últimos meses pelos rebeldes, com apoio turco.

Em tom de ameaça, Erdogan disse que, caso mais um soldado turco seja ferido ou morto, a Turquia concluirá esse objetivo até o final de fevereiro “por todos os meios necessários”, seja com apoio aéreo ou terrestre e “sem hesitar”.

Erdogan disse ao Parlamento em Ancara que a Turquia está determinada a empurrar as tropas sírias para além dos postos de observações turcos, ao longo da zona desmilitarizada. Trata-se de uma região de 30 quilômetros de largura que separa o território controlado pelo governo e a região ocupada pelos rebeldes, e que seria patrulhada por tropas russas e turcas, conforme o acordo de 2018 firmado entre Ancara e Moscou.

Em duas semanas, treze soldados turcos e dezenas de soldados sírios morreram em confronto direto, o que levou Erdogan a enviar comboios com tanques e tropas para a região dominada pela oposição ao regime e grupos ligados à Al Qaeda.

A nova escalada de violência na Síria decorre da ofensiva de Damasco, iniciada em dezembro de 2019, contra o último enclave rebelde no noroeste do país. Assad conquistou o controle da rodovia M5, que liga a capital a cinco das principais cidades do país, e da rodovia M4, que dá acesso ao mar Mediterrâneo. Ambas conectam a província de Idlib a Damasco.

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Em resposta, o Estado Maior sírio disse que a Turquia não terá sucesso em “proteger o terrorismo ou dissuadir o Exército de continuar suas operações em Idlib” para “restaurar a segurança e a estabilidade” dessa e de outras áreas ao longo da Síria.

Em dois meses de ofensiva, cerca de 700.000 pessoas deixaram suas casas rumando para o norte da província. Assad é acusado de crimes contra a humanidade, como ter usado armas químicas contra a população civil e perseguir seus opositores. Seu regime ditatorial foi um dos estopins da Guerra Civil, em 2011.

A fronteira turca, por outro lado, está fechada para refugiados. A Turquia atualmente abriga cerca de 3,6 milhões de sírios e tem planos de repatriá-los de forma unilateral justamente para a região síria sob seu controle.

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Em outubro de 2019, Ancara invadiu porções de território sírio no nordeste do país, expulsando o Exército da minoria curda da região, com planos de repatriar uma porção desses refugiados. Os curdos, considerados terroristas pela Turquia, foram distanciados da fronteira síria.

Tropas americanas matam uma pessoa

Nesta quarta-feira, uma confusão entre soldados americanos e militantes pró-Assad na cidade de Qamishli acabou com um morto e um ferido. Segundo a imprensa estatal síria, os moradores de vilarejos próximos tentaram impedir a passagem do comboio dos Estados Unidos jogando pedras contra os veículos e rasgando uma bandeira americana. Os militares lançaram bombas de fumaça e abriram fogo contra os manifestantes.

Mas de acordo com o Exército dos Estados Unidos, enquanto os soldados tentavam acalmar a situação, tiros foram disparados por “indivíduos não identificados” contra o comboio. Uma patrulha russa logo se juntou ao local para acalmar a situação.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos, uma organização não governamental que possui voluntários por todo o país, disse que civis e uma milícia pró-governo tentaram obstruir o caminho do comboio americano. Os milicianos atiraram para o ar, provocando os soldados americanos a responderem com as bombas de fumaça. A tensão aumentou, e os militares estrangeiros dispararam e mataram uma pessoa.

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O Observatório disse que não é possível determinar se a pessoa morta é civil ou se pertence à milícia pró-governo.

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