O embaixador de Barbados na Comunidade do Caribe (CARICOM), David Comissiong, disse nesta quarta-feira, 17, que era crucial estabelecer um novo tribunal especial internacional para buscar reparações pela escravidão transatlântica e seus legados na sociedade atual. Comissiong, que é conhecido por ser defensor da causa, afirmou que a medida era necessária por não ter nenhum juízo internacional equipado para lidar com essas restaurações.
O pedido foi feito durante a terceira sessão do Fórum Permanente sobre Pessoas de Descendência Africana (PFPAD) em Genebra. O embaixador também comentou que o tribunal exigiria uma “decisão positiva” da Assembleia Geral da ONU, principal órgão de decisão política da organização. Na sessão, representantes de outras nações, como Guiana e Venezuela, fizeram apelo sobre a Comissão.
“Decidamos realizar o trabalho de defesa internacional para concretizar com sucesso a criação desta instituição crítica na Assembleia Geral da ONU”, disse. “Vamos todos nos reunir em torno do fórum e fazer isso acontecer”.
Em uma mensagem de vídeo na abertura do PFPAD, o secretário-geral da ONU, António Guterres, reiterou que o racismo se baseava em séculos de escravatura e colonialismo. De acordo com ele, as reparações fazem parte do esforço para enfrentar essa questão antiga. A ideia de restauração pela escravatura transatlântica tem uma longa história e continua profundamente contestada, porém tem ganhado força em todo mundo. Por mais de quatro século, ao menos 12,5 milhões de africanos foram raptados e transportados à força por milhares de quilômetros, principalmente por navios e mercados europeus que os vendia como escravo.
Outros países já se posicionaram a favor de movimentos similares. No ano passado, o presidente da Guiana instou os descendentes dos traficantes de escravos da Europa a se oferecerem a pagar reparações pelos crimes históricos. Irfaan Ali também exigiu que os envolvidos no comércio transatlântico de escravos e na escravização africana fossem acusados postumamente por crimes contra a humanidade.
“O comércio transatlântico de escravos e a escravização africana foram uma afronta à própria humanidade. A hediondez deste crime contra a humanidade exige que procuremos corrigir estes erros”, disse Ali.