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Em primeiro discurso após derrota, Kamala reconhece vitória de Trump e pede transição pacífica

Democrata fez primeiro pronunciamento público após vitória de Donald Trump na corrida à Casa Branca

Por Da Redação
Atualizado em 6 nov 2024, 18h52 - Publicado em 6 nov 2024, 18h36

Candidata democrata na eleição americana, a vice-presidente Kamala Harris reconheceu nesta quarta-feira, 6, a vitória do republicano Donald Trump na corrida à Casa Branca. Diante de uma multidão de apoiadores, ela fez seu primeiro pronunciamento público desde o fechamento das urnas.

“O resultado desta eleição não é o que queríamos, não é o que lutamos, não é o que votamos”, disse Harris. “Mas ouça-me quando digo, a luz da promessa da América sempre brilhará forte, contanto que nunca desistamos e continuemos lutando”.

+ Por que Kamala Harris perdeu as eleições nos EUA

A democrata reforçou que entende que “pessoas estão sentindo e vivenciando uma série de emoções”, mas que “devemos aceitar os resultados desta eleição”.

“Mais cedo hoje, falei com o presidente eleito Trump e o parabenizei por sua vitória. Também disse a ele que o ajudaremos, assim como sua equipe, com sua transição, e que nos engajaremos em uma transferência pacífica de poder”, disse.

Apesar de reconhecer a derrota, a vice-presidente disse que o resultado negativo não apaga “a luta que alimentou esta campanha”,  delineando também contornos de futuros embates que pretende travar com Trump.

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“Continuaremos a travar essa luta na cabine de votação, nos tribunais e na praça pública”, disse Harris, em um aceno ao trabalho que os democratas estão prestes a fazer nos próximos quatro anos, sobretudo com a retomada republicana da maioria no Senado.

Durante a madrugada de apuração das urnas, vendo que a situação não estava a seu favor, Kamala cancelou um discurso planejado na Universidade Howard, em Washington, D.C., onde acontecia uma festa oficial da campanha – local onde ela, horas depois, fez o discurso de derrota.

Vitorioso nos chamados swing states, ou estados-pêndulo, capazes de oscilar a contagem de votos do Colégio Eleitoral, Trump deixou Kamala sem saídas viáveis para reverter a desvantagem, ultrapassando os 270 delegados necessários para chegar à Casa Branca. Depois de levar Wisconsin, ele atingiu a marca de 277 delegados, eliminando quaisquer caminhos possíveis de vitória para Kamala.

Ao longo do dia, em uma mensagem a funcionários, a presidente da campanha de Harris, Jen O’Malley Dillon, pediu à sua equipe que começasse o trabalho de “proteger a América dos impactos de uma presidência de Trump”.

“Perder é incomensuravelmente doloroso. É difícil. Isso levará muito tempo para ser processado. Mas o trabalho de proteger a América dos impactos de uma presidência de Trump começa agora”, disse O’Malley Dillon em um e-mail para a equipe obtido pela CNN.

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Por que ela perdeu

As autópsias sobre a derrota de Harris serão profusas e devem continuar a aparecer com o tempo. Mas, como um primeiro rascunho da história, há alguns marcadores que se já destacam.

Harris não conseguiu encontrar uma maneira eficiente de se distanciar de Biden, a quem mais da metade dos americanos (56,3%) desaprova. Além disso, cerca de dois terços dos eleitores dizem acreditar que a nação está indo na direção errada. Era uma posição desconfortável: ao mesmo tempo que fez parte do governo e tentou não manchar o legado de seu chefe, precisava mostrar por que ela seria diferente.

A proximidade de Harris com o governo transferiu para ela a insatisfação do eleitorado com a economia, resultando em uma punição de quem a via como “incumbente”. Apesar de ter feito um bom trabalho no controle da inflação, a Casa Branca de Biden não teve tempo, ou não foi capaz, de fazer as melhorias na economia chegarem à população, que ainda sente no bolso a alta nos preços de casas e compras no supermercado.

O cenário político também mudou, já que questões culturais passaram a desempenhar um papel enorme — possivelmente equivalente à economia. Em outras palavras, a tomada do Partido Democrata por questões progressistas, conhecidas como “woke” (definido pela defesa dos direitos de minorias como a população preta e a comunidade LGBTQIA+), foi devastadora para a campanha de Harris, especialmente porque Trump e os republicanos a pintaram com sucesso como uma esquerdista irreconciliável.

Embora ainda não existam evidências concretas dessa teoria, algumas das pesquisas mais decisivas na corrida mostraram vantagens esmagadoras para Harris entre as mulheres — mas margens grandes e crescentes para Trump entre os homens. Seu público-alvo, homens jovens que se sentem marginalizados por causas progressistas que tendem a favorecer mulheres, indivíduos LGBTQIA+ e minorias, não parece conseguir engolir uma mulher na Casa Branca.

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De acordo com a pesquisa do Institute of Politics da Universidade Harvard, a quantidade de eleitores homens com menos de 30 anos que se identificam como republicanos aumentou em 7 pontos percentuais desde 2020. John Della Volpe, diretor do instituto, diagnosticou que Trump conquistou muitos desse grupo “ao tecer uma mensagem hipermasculina de força em meio à sua narrativa mais ampla que mina a confiança nas instituições democráticas”.

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