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Em pleno inverno, uma Europa sem neve se prepara para a seca

O clima quente e sem precipitação, incomum para a época do ano, está encolhendo rios e lagos; especialistas alertam sobre possível crise hídrica

Por Da Redação
Atualizado em 24 fev 2023, 16h34 - Publicado em 24 fev 2023, 10h58
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  • Uma onda de calor durante o inverno europeu está fazendo com que rios e lagos de todo o continente cheguem a níveis alarmantemente baixos. De mãos dadas com o clima quente incomum, a Europa registrou baixas recordes de chuva e falta de neve.

    A seca e o encolhimento de rios e lagos europeus são normalmente associados ao verão, mas cenas semelhantes estão pipocando mesmo na estação fria em regiões como o centro e o sudoeste da França, o norte da Espanha e o norte da Itália.

    Depois de a Europa ter sido impactada por secas no verão passado, especialistas se preocupam com a mudança em seus padrões climáticos e muitos acreditam que isso seja efeito do aquecimento global.

    + Europa enfrenta pior seca em 500 anos, mostra estudo da União Europeia

    Outra preocupação dos especialistas é como essa seca pode afetar o abastecimento de água no continente. Um estudo publicado em janeiro pela Universidade de Tecnologia Graz, na Áustria, mostrou que a situação hídrica na Europa é “muito precária”.

    Na Espanha, o governo aprovou planos para investir cerca de US$ 24 bilhões (R$ 124 bilhões) em gestão de água, incluindo medidas para melhorar o saneamento e tratamento e modernizar a irrigação.

    A média de água disponível no país diminuiu 12% desde 1980 e tem previsões para cair 40% até 2050. O clima seco espanhol está começando até mesmo a ameaçar o premiado jamón ibérico bellota do país, já que o aumento das temperaturas afeta as comidas dos porcos.

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    “Não podemos garantir o abastecimento de água para beber ou para usos econômicos contando exclusivamente com a chuva”, disse recentemente Teresa Ribera, ministra da Transição Ecológica da Espanha.

    + Itália enfrenta novo alerta de seca e canais de Veneza ficam esvaziados

    Já a França, que está passando pelo maior período sem chuva em 60 anos, pode impor restrições de água em breve. O país registrou 32 dias consecutivos sem chuva entre 21 de janeiro e 21 de fevereiro, o intervalo mais longo desde o início dos registros, em 1959.

    Rios e lagos estão diminuindo e o solo do país está mais seco do que o normal, com índices de umidade que só eram esperados para o mês de abril. A França passou pela sua maior seca em 2022 e especialistas alertam para o fato de que a situação pode ficar pior se não chover nos próximos dias.

    Christophe Béchu, ministro da Transição Ecológica da França, chamou a seca de inverno de “sem precedentes” e avisou que o país está em estado de alerta.

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    Nos Alpes franceses, a queda de neve também é baixa. De acordo com a Cima Research Foundation, a região está com 63% menos neve do que o normal.

    + Como Veneza luta para acabar com as inundações na cidade?

    “A situação nos Pireneus está próxima do menor recorde de quantidade de neve para essa época do ano”, disse Simon Mittelberger, climatologista da Météo-France.

    O problema não é diferente na Itália, onde corpos de água famosos estão começando a secar. A falta de chuva dificulta o uso das famosas gândulas e táxis aquáticos em Veneza, cidade que costuma temer inundações nesta época do ano.

    No Lago Gorda, uma passarela se abriu no meio do leito, dando acesso a uma pequena ilha. Essa passarela não aparecia havia meses.

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    Em 2022, o maior rio italiano, o Pó, enfrentou sua maior seca. Agora, está com 61% menos água que o normal para esse período, afetado pela falta de neve nos Alpes.

    Especialistas se preocupam que essas condições climáticas se intensifiquem durante o ano, com o pior ainda por vir.

    “O ano de 2023 está apenas começando, mas está dando sinais preocupantes em termos de eventos climáticos extremos (e) níveis de seca”, disse Giorgio Zampetti, gerente-geral da Legambiente, um grupo ambientalista italiano.

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