Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Em guerra a gangues, El Salvador adota julgamentos coletivos de 900 presos

Decisão do parlamento foi acusada de coibir o direito à defesa individual; 71 mil pessoas foram presas na repressão do regime de Nayib Bukele

Por Da Redação
28 jul 2023, 12h06
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O parlamento de El Salvador aprovou na quarta-feira 26 uma série reformas da Lei Contra o Crime Organizado, possibilitando que mais de 71 mil presos sejam julgados coletivamente, sem direito à defesa individual. A decisão permite sessões conjuntas com até 900 detentos, nas quais defensores públicos teriam apenas “três a quatro minutos” para apresentar os casos dos acusados, de acordo com as Nações Unidas.

    A proposta foi encabeçada pelo presidente salvadorenho, Nayib Bukele, que governa sob um regime de exceção, quando a Constituição é suspensa em meio à situações de calamidade. Com poder concentrado, Bukele defende que o país está submerso em uma violência desenfreada provocada por gangues, enxergando motivos para renovar a medida, implementada em março de 2022.

    A recente decisão parlamentar foi fortemente questionada por ativistas de grupos de defesa de direitos humanos. Eles alegam que ao menos 5.490 detidos são “vítimas diretas e inocentes” de uma política opressiva e que julgamentos em massa prejudicariam sua defesa.

    Em contrapartida, deputados do partido governista Nuevas Ideas afirmam que a reforma “tornaria mais fácil para os juízes sentenciar os criminosos mais rapidamente e evitaria a libertação de membros dessas estruturas criminosas”.

    + Centralizador, presidente de El Salvador quer cortar número de municípios

    Continua após a publicidade

    Em maio, especialistas das Nações Unidas informaram que audiências iniciais, responsáveis por analisar a legalidade das prisões, estavam sendo realizadas em grupos compostos por cerca de 500 pessoas, “prejudicando o exercício do direito de defesa e a presunção de inocência dos detentos”.

    O órgão internacional defende ainda que “o uso excessivo da prisão preventiva, a proibição de medidas alternativas, julgamentos à revelia e a possibilidade de usar práticas como ‘juízes sem rosto’ e testemunhas de referência, ameaçam as garantias do devido processo legal”.

    Apesar dos questionamentos de ativistas, as medidas de Bukele aumentaram sua popularidade por neutralizar as atividades de membros de gangues no país. A violência nas penitenciárias, contudo, tem chamado a atenção da ONG Anistia Internacional, que denunciou que sequestros e torturas faziam parte do modus operandi do governo. A instituição revelou, além disso, que 132 pessoas morreram sob custódia do Estado.

    Continua após a publicidade

    Integrando o rol dos críticos, o deputado da oposição Jaime Guevara destacou que as reformas propostas por Bukele representam um “um risco e uma ameaça para os presos inocentes que estão aguardando um processo penal justo”.

    + El Salvador prorroga estado de emergência para ‘combater gangues’

    “Isso significaria que qualquer pessoa capturada é incluída em um grupo de gangues para que enfrente seu processo criminal como uma estrutura e não individualmente, o que viola o devido processo legal”, disse.

    Continua após a publicidade

    A presidência da Câmara Criminal do Supremo Tribunal de Justiça recebeu o projeto de lei apenas 24 horas antes de sua aprovação. O tempo curto não impediu que a proposta fosse analisada pela magistrada Sandra Luz Chicas. Ela ressaltou, então, que a reforma conta com elementos “decorativos” e altera a função dos juízes.

    “Parece que o juiz vai ficar só no papel e não vai poder avaliar”, contestou Chicas.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.