Em feito inédito, Biden nomeia latino para o comando da Segurança Interna
Além de Alejandro Mayorkas, presidente-eleito confirmou nomeação de dois ex-membros do governo Obama, Antony Blinken e John Kerry
O presidente-eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, avançou nesta segunda-feira, 23, na formação de seu gabinete com o anúncio pelo Twitter de vários altos cargos nas áreas de segurança nacional e de relações exteriores. Entre os indicados está o advogado cubano-americano Alejandro Mayorkas para o comando do Departamento de Segurança Interna (DHS), pasta responsável, dentre outras questões, pelo controle migratório.
“Alejandro Mayorkas, ex-subsecretário do DHS, será o primeiro latino e imigrante designado para servir como secretário do Departamento de Segurança Interna”, informou a equipe de transição de Biden em um comunicado.
Mayorkas nasceu na Havana em 1959, e, no ano seguinte, emigrou para os Estados Unidos junto com os seus pais, então refugiados políticos durante o governo de Fidel Castro.
Em sua passagem como subsecretário do DHS, durante o primeiro mandato da presidência de Barack Obama, o cubano-americano comandou a agência responsável pelos processos de naturalização.
O Departamento de Segurança Interna passa por uma crise política desde o início do governo do atual presidente americano, Donald Trump. Todas as cinco pessoas que passaram pelo comando da pasta nesse período ficaram menos que 18 meses no cargo.
Em comparação, nos 15 anos anteriores à chegada de Trump à Casa Branca, ao longo dos governos de Obama e de George W. Bush (que fundou a pasta após os ataques de 11 de setembro de 2001), os Estados Unidos tiveram apenas seis secretários de Segurança Interna.
O principal escândalo envolvendo o DHS sob Trump foi a política de separação de famílias que cruzaram ilegalmente a fronteira com o México.
Sob essa política, que se manteve em vigor oficialmente entre abril e junho de 2018, crianças foram mantidas em celas separadas por redes de arame em centros de detenção enquanto seus pais eram processados ou, até mesmo, deportados.
Segundo matéria publicada em outubro de 2020 pelo The New York Times, cerca de 5.500 crianças foram separadas de suas famílias pelas autoridades americanas. Entre essa, mais de 500 ainda não reencontraram os pais, pois o governo americano não consegue mais encontrá-los.
Retorno de Kerry e Blinken
Além de Mayorkas, Biden confirmou nesta segunda-feira a nomeação de dois ex-membros do governo Obama, Antony Blinken e John Kerry.
Under the Biden-Harris administration, American national security and foreign policy will be led by experienced professionals ready to restore principled leadership on the world stage and dignified leadership at home. Read more: https://t.co/ojrTxrzafV
— Biden-Harris Presidential Transition (@Transition46) November 23, 2020
Blinken, que foi conselheiro de Segurança Nacional de Biden, na época vice-presidente, assumirá o Departamento de Estado, responsável pelas relações exteriores, indicando um retorno da diplomacia americana ao multilateralismo.
Kerry — que, além de secretário de Estado no segundo mandato de Obama, foi candidato à Presidência dos Estados Unidos em 2004 — será delegado especial para o combate ao aquecimento global.
“O trabalho que iniciamos com o Acordo de Paris está longe de terminar. Estou voltando ao governo para colocar a América de volta no caminho certo para enfrentar o maior desafio desta geração e das que virão. A crise climática exige nada menos do que todas as mãos no convés”, tuitou Kerry.
Outros nomes anunciados nesta segunda-feira foram Linda Thomas-Greenfield como embaixadora na ONU, Avril Haines como diretora de Inteligência Nacional e Jake Sullivan como Assessor de Segurança Nacional.
Biden destacou que os membros de seu gabinete são “experientes”, provaram suas qualidades “em situações de crise”, e serão dedicados à tarefa de “reconstruir” as instituições e renovar e reformular a “liderança americana”.
(Com AFP)