Em visita a Doha, nesta quinta-feira, 30, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou que o Catar tem um papel central para o fim da guerra entre Israel e o grupo palestino Hamas, e também na resolução mais ampla da questão palestina no Oriente Médio. A nação árabe tem atuado como mediadora, ao lado de Estados Unidos e Egito, entre os dois lados do conflito e protagonizou as negociações para a atual trégua na Faixa de Gaza e libertação de reféns israelenses.
Durante sessão de abertura do Fórum Empresarial Brasil-Catar, em Doha, seu primeiro compromisso oficial no país, Lula classificou o Catar como um interlocutor-chave em diversos temas de amplitude regional e global.
“O Catar é um ator diplomático relevante graças à sua política externa de perfil ativo e independente”.
Amigos distantes
O petista, além disso, avaliou que o Brasil precisa estar mais presente no Golfo, “região com a qual compartilha importantes interesses comerciais e laços culturais e históricos”.
“Quero saudar a mediação do Catar para o acordo anunciado há poucos dias entre Israel e o Hamas, que envolve a libertação de reféns (mulheres e crianças) em troca de trégua temporária e da libertação de prisioneiros palestinos”, disse. “Compartilhamos a vocação pela paz”, completou.
Comércio e agricultura
Segundo o presidente, o comércio bilateral entre Brasil e Catar cresceu “de maneira exponencial”, passando de cerca de US$ 38 milhões em 2003 (R$ 187 milhões, nas taxas de conversão atuais) para US$ 1,6 bilhão hoje (R$ 7,9 bilhões). O país árabe, de acordo com Lula, figura como uma das principais portas de entrada do Brasil para negócios com o Oriente Médio.
Além disso, o mandatário brasileiro afirmou que o Catar desempenha papel fundamental para a agricultura brasileira como fornecedor de ureia e que o Brasil, como um dos maiores produtores e exportadores de alimentos, contribui para a segurança alimentar catari.
“Estamos comprometidos com uma agricultura sustentável e alinhada com as melhores práticas em matéria ambiental. Mantemos manejo cuidadoso e criterioso dos produtos halal [que seguem critérios da cultura islâmica], com respeito pelos ritos islâmicos e pela cultura catariana”, declarou o petista no evento.
Novas fronteiras
Há espaço, de acordo com Lula, porém, para ampliar e diversificar a pauta comercial entre Brasil e Catar, especialmente em se falando de produtos de maior valor agregado, como autopeças, produtos de defesa e aviões da Embraer.
“O Brasil também está implementando medidas de facilitação de comércio como um sistema eletrônico de validação e assinatura de documentos para operações de comércio bilateral. Com esse sistema – que já está em vigor em nosso comércio com o Egito e a Jordânia – teremos o potencial de reduzir os prazos e os custos das transações comerciais entre o Brasil e o Catar”, disse o presidente.
COP28
No final do discurso, Lula lembrou que deixa o Catar ainda nesta quinta rumo à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), em Dubai. Espera-se que as nações com florestas tropicais lancem uma ação conjunta no evento.
“Estou certo de que o Catar também poderá ser um aliado importante nessa agenda”, afirmou.