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Eleições em Portugal marcarão ascensão da extrema direita, diz pesquisa

Pesquisa do Ipespe indica crescimento do ultradireitista Chega, com 20% das intenções de voto, em relação à última ida às urnas, em 2022

Por Paula Freitas Atualizado em 7 Maio 2024, 16h59 - Publicado em 26 fev 2024, 10h50
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  • As eleições legislativas em Portugal, previstas para março, serão marcadas pelo avanço da extrema direita, revelou uma sondagem do Instituto de Pesquisas Sociais, Politicas e Econômicas (Ipespe), contratada pela emissora CNN Portugal. A pesquisa foi divulgada na última sexta-feira, 23, e aponta para ascensão do partido ultradireitista Chega, com 20% das intenções de voto, em comparação à última ida às urnas, em 2022, quando arrematou 7,3%.

    Embora em crescimento progressivo, 70% dos entrevistados dizem que “jamais” votariam em André Mendonça, líder do Chega, para o cargo de primeiro-ministro. Ele permanece, então, atrás de candidatos da Aliança Democrática (AD) – coalizão que engloba Partido Social Democrata (PSD), Partido Popular (CDS) e Partido Popular Monárquico (PPM) – e do Partido Socialista (PS).

    O levantamento do Ipespe sugere um empate técnico entre os dois, com 28% das intenções em caso de distribuição proporcional dos indecisos. Os pesquisadores, no entanto, alertam que os indecisos não necessariamente têm opiniões iguais aos dos eleitores decididos.

    Frente à sinuca eleitoral, o líder do conservador PSD (centro-direita), Luís Montenegro, disse que estava confiante em uma “grande vitória” da aliança tripartidária. Ele deu início à campanha neste domingo, 25, na cidade de Bragança. Em contrapartida, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, afirmou em um mercado próximo ao Porto que o seu partido tem “uma relação de proximidade e confiança” com os eleitores e está “focado numa vitória que trave o avanço da direita”.

    + Chefe do Parlamento português a VEJA: ‘Impossível’ extrema direita vencer

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    Corrupção e crise habitacional

    As eleições foram convocadas após a renúncia ruidosa do primeiro-ministro António Costa, em novembro do ano passado, após ser alvo de uma megaoperação sobre um suposto esquema irregular de exploração de lítio e de hidrogênio verde. Ele teria atuado para permitir operações irregulares, alegaram os suspeitos de participação no crime.

    Nas últimas semanas, um tribunal de Lisboa também decidiu que um antigo primeiro-ministro socialista, José Sócrates, deveria ser julgado por alegações de que embolsou cerca de 34 milhões de euros (29 milhões de libras) durante o seu mandato por corrupção e fraude.

    Em meio aos escândalos, os socialistas também precisarão lidar com o descontentamento da população devido à crise habitacional, aos baixos níveis salariais e às extensas filas no serviço de saúde público português. A insatisfação resvala, ainda, para os conservadores da AD, que serão instados pelos eleitores dar conta do problema e resolvê-lo rapidamente caso alcancem o poder.

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    Mas há quem enxergue no caos uma oportunidade de formar raízes. Dono de propostas polêmicas, como o fim das “cirurgias de mudança de sexo pagas pelos contribuintes” e a castração química de pedófilos, o Chega tornou a luta contra a corrupção um dos seus principais lemas. Em um dos outdoors de campanha, os ultradireitistas defendem que “Portugal precisa de uma limpeza”. Eles também levantam bandeiras anti-imigração e se colocam como a “verdadeira alternativa ao socialismo”.

    Em entrevista a VEJA na última semana, Augusto Santos Silva, presidente do Parlamento português, contrapôs que “é impossível que a extrema direita chegue ao poder”, apesar de ter reconhecido que há um risco real de uma aliança entre o PSD e o Chega, o que colocaria os interesses ultraconservadores em voga na agenda política de Montenegro, caso saia vencedor da disputa com o PS.

    + Pesquisas mostram avanço da extrema direita em eleição de Portugal

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    Sondagens anteriores

    Em pesquisas divulgadas no início do mês, o Chega já ocupava o terceiro lugar. Mas as sondagens, realizadas pelo Universidade Católica, para o jornal Público e a emissora RTP, e pelo Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), para o Expresso e a emissora SIC, divergiam sobre quem ocupava o almejado topo do pódio eleitoral.

    Para a Universidade Católica, a AD arremata o pódio, com 32% das intenções de voto. O Partido Socialista não parece comer poeira, com 28%. Como a margem de erro é de 2,8%, o resultado não é certeiro e cai no campo do empate técnico. Já para o ISCTE, os esquerdistas lideram com pouca vantagem, 29%, contra a união de direita, 27%. Por lá, a margem de erro é de 3,5%, ou seja, também aponta para um empate técnico.

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