O Ministério das Relações Exteriores do Egito culpou Israel nesta sexta-feira, 20, por impossibilitar o envio de ajuda humanitária à Faixa de Gaza através da passagem de Rafah, única entrada não controlada por Tel Aviv. Por meio de publicações nas redes sociais, o porta-voz da pasta, Ahmed Abu Zeid, alegou que Cairo tornou-se vítima de ataques constantes da “mídia ocidental” sobre o bloqueio no trecho, apesar de Israel estar impossibilitando a travessia com seus ataques aéreos.
“O foco no Egito na mídia ocidental é evidente na atual crise! Responsabilizando o Egito pelo fechamento da travessia, apesar dos ataques direcionados de Israel , além de insinuar recentemente a responsabilidade do Egito por obstruir a saída de nacionais de terceiros países”, escreveu Zeid na rede social X, antigo Twitter.
Em seguida, ele reforçou que a passagem de Rafah está “aberta” provisoriamente e que o governo egípcio “não é responsável por obstruir a saída de nacionais de países terceiros”.
Segundo a ONU, o acesso ficará livre para a entrada de primeiros socorros até sábado.
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O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores egípcio também afirmou que ainda existe a possibilidade de “mudar de rumo e despertar a consciência”, referindo-se à Cúpula do Cairo pela Paz, marcada para este sábado, 21.
O encontro tratará sobre a guerra Israel-Hamas, iniciada em 7 de outubro, e contará com representantes de diversas nações. Entre eles estão o presidente da Palestina, Mahmoud Abbas; o rei da Jordânia, Abdullah; o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa; a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni; o premiê espanhol, Pedro Sánches; as ministras das Relações Exteriores da Alemanha, da França e do Japão, Annalena Baerbock, Catherine Colonna e Yoko Kamikawa, e talvez até um representante do Brasil.
Ainda na cúpula, estarão presentes o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e o chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres também participará da reunião.
Nesta sexta-feira, Guterres esteve na passagem de Rafah para incentivar a entrada urgente do auxílio humanitário em Gaza, destacando que caminhões devem entrar “todos os dias para fornecer apoio suficiente” à população. Informações do jornal britânico Financial Times indicam que o atraso é consequência do processo de inspeção dos veículos.
Guterres acrescentou, ainda, que cerca de 2 milhões de pessoas estão confinadas em gaza sem a quantidade adequada de suprimentos há quase duas semanas, desde o início do confronto. Com o “cerco total” israelense, o território ficou sem receber energia, água potável e combustíveis.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou na segunda-feira 16 que a região tinha apenas 24 horas restantes de água. Segundo um vídeo publicado nas redes sociais da emissora Al Jazeera, médicos estão operando pacientes com a lanterna dos celulares.