Dois policiais do Capitólio processam Donald Trump por invasão em janeiro
Queixa busca indenização de US$ 75.000 por danos físicos e emocionais e acusa ex-presidente de 'inflamar, encorajar, incitar, dirigir e ajudar' o ataque
Dois membros da Polícia do Capitólio abriram um processo contra o ex-presidente Donald Trump na terça-feira 30, devido a sua suposta responsabilidade pela invasão ao prédio que ocorreu no dia 6 de janeiro deste ano. Os policiais estavam de plantão durante o tumulto e atribuem danos físicos e emocionais à incitação do republicano aos seus apoiadores.
No dia em que o Congresso certificava a vitória nas urnas do atual presidente Joe Biden sobre Trump, ele pediu em um comício em Washington, D.C., que seus eleitores “mostrassem força” e “lutassem como loucos”. Pouco depois, uma horda invadiu o prédio público. Cinco pessoas, incluindo um policial do Capitólio, morreram devido ao incidente. Dois membros da força cometeram suicídio em seguida.
A Câmara dos Deputados abriu um processo de impeachment contra Trump pela acusação de “incitamento à insurreição”, mas ele foi absolvido pelo Senado em fevereiro, após um breve julgamento em que poucos republicanos cruzaram linhas bipartidárias para votar pela condenação. O ex-presidente também negou repetidamente qualquer responsabilidade pelo ataque.
Agora, os policiais James Blassingame e Sidney Hemby abriram um processo no Tribunal Distrital Federal no Distrito de Columbia, buscando compensação de 75.000 dólares, mais danos punitivos. A Polícia do Capitólio possui mais de 2.000 membros e este é o primeiro processo a ser movido contra o ex-presidente.
Durante o ataque, Hemby, na equipe há 11 anos, foi prensado pela multidão contra a lateral externa do prédio e foi atingido por gases tóxicos. Um dos invasores gritou que ele estava “desrespeitando o distintivo”. De acordo com a denúncia, ele ainda está passando por fisioterapia devido a lesões no pescoço e nas costas e “tem lutado para controlar as consequências emocionais de ser atacado”.
Já Blassingame, há 17 anos na força, sofreu ferimentos na cabeça e nas costas no dia 6 de janeiro. Atualmente, continua sentindo dor nas costas, além de depressão e insônia. Na queixa, é descrito como ele “é assombrado pela memória de ter sido atacado” e sente culpa por não ter conseguido ajudar outros colegas e por ter sobrevivido à invasão.
A denúncia alega que a “multidão insurrecional” que invadiu o Capitólio foi “estimulada pela conduta de Trump ao longo de muitos meses para fazer seus seguidores acreditarem” em suas falsas afirmações de fraude eleitoral generalizada em novembro. A queixa também diz que os apoiadores de Trump acreditavam que invadir o prédio era sua última chance de impedir que o republicano fosse “injustamente forçado” a deixar a Casa Branca.
Segundo o texto, Trump “inflamou, encorajou, incitou, dirigiu e ajudou” a multidão que invadiu o prédio e atacou os policiais de plantão, criticando também sua falta de ação para “impedir que seus seguidores continuassem com a violência”.
Os departamentos do Capitólio e da Polícia Metropolitana disseram que um total de pelo menos 138 de seus oficiais ficaram feridos durante o motim, reporta o jornal americano The New York Times. Os ferimentos variaram de pequenos hematomas a contusões, fraturas de costelas, queimaduras e até um ataque cardíaco.