O Ministério da Saúde da Tailândia anunciou nesta terça-feira, 6, que o governo do primeiro-ministro Srettha Thavisin proibirá o uso de recreativo de maconha, após a legalização da droga há quase dois anos. O projeto de lei será apresentado pelo gabinete do premiê na próxima semana, disse o ministro da pasta, Chonlanan Srikaew.
“O novo projeto de lei será alterado em relação ao existente para permitir apenas o uso de cannabis para fins de saúde e medicinais”, adiantou a repórteres. “O uso para diversão é considerado errado.”
Empossado em agosto, o premiê levanta a bandeira de que o uso de maconha para diversão provoca “problemas mais amplos com drogas narcóticas”. Em setembro, ele adiantou ao jornal tailandês The Standard que a “política sobre a cannabis será a cannabis medicinal” e disse que o “abuso de drogas é um grande problema para o país que tem sido mal abordado”.
+ Quando o uso de maconha vira um problema de saúde
Lucro nas alturas
Em 2018, a Tailândia tornou-se o primeiro país do Sudeste Asiático a conceder a permissão para fins médicos. Quatro anos depois, deu aval para a abertura de uma legião de “dispensários” de cannabis, semelhantes aos coffee shops de Amsterdã, recebendo apelido de “paraíso da maconha”. O reino, contudo, já contou com duras leis anti-drogas, com penas de até 10 anos de prisão a quem fosse flagrado com elas.
Acredita-se que o valor da indústria da cannabis no país seja de até US$ 1,2 bilhões (quase R$ 6 bilhões) até 2025, segundo a Universidade da Câmara de Comércio Tailandesa. A descriminalização permitiu que centenas de lojas que vendem a droga se proliferassem pelo país, em especial na capital, Bangkok. Por lá, existem ao menos 1.200 pontos de venda, dos estimados 5.700 espalhados pelo reino inteiro.
No entanto, um show da popular banda britânica Coldplay em Bangkok, realizado na semana passada, causou um incômodo burburinho para o governo. Fãs que estiveram no evento reclamaram nas redes sociais que “todo o show cheirava a maconha”, aumentando a pressão de conservadores para que medidas mais rígidas contra a droga fossem implementadas.