Dia agitado: Trump enfrenta audiências sobre casos da Flórida e Geórgia
Acusações criminais contra Donald Trump são relacionadas às eleições de 2020 e a retenção de documentos confidenciais após saída da Casa Branca
Duas audiências contra o ex-presidente americano Donald Trump serão realizadas nesta sexta-feira, 1, em casos que poderão estremecer os planos do republicano para a corrida presidencial, com a ida às urnas marcada para novembro deste ano. As acusações criminais contra Trump são relacionadas às eleições de 2020, que alçaram o democrata Joe Biden à presidência, e a retenção de documentos confidenciais após sua saída da Casa Branca. Os casos foram apresentados em tribunais da Geórgia e da Flórida.
Na Geórgia, o ex-presidente e apoiadores foram parar no banco de réus por supostas tentativas de reverter o resultado das últimas eleições. Em um telefonema divulgado pelo jornal americano The Washington Post, Trump pediu ao secretário de Estado da Geórgia, o republicano Brad Raffensperger, para que “encontrasse” votos suficientes para impedir a derrota. A investigação foi aberta no início de 2021 e foi conduzida com o apoio de um grande júri especial.
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Contratempos na Geórgia
Mas um caso extraconjugal pode aliviar a barra para Trump. Nas últimas três audiências, os advogados de defesa insistiram na desqualificação da promotora distrital do condado de Fulton, Fani Willis, em razão do seu relacionamento com o promotor especial Nathan Wade, então casado e designado por ela para trabalhar no caso. Eles afirmam que o affair criou um conflito de interesses e que, por isso, Willis deveria ser retirada do comando do julgamento.
A promotora, por sua vez, argumenta que o “relacionamento pessoal” com o subordinado ocorreu depois da contratação de Wade, de forma a não afetar a condução do processo judicial. Mas uma fonte disse ao jornal americano The New York Times que os dois se aproximaram em 2019, durante um curso para juízes. Espera-se, então, que as equipes dos acusados sigam a linha, durante a audiência desta sexta-feira, de que a dupla mentiu sob juramento.
Para isso, serão utilizados dados colhidos por um investigador contratado por Trump sobre o celular de Wade, que mostram visitas tarde da noite à área onde a promotora morava e “mais de 2.000 chamadas de voz” entre os dois antes de 2022, data do início do caso. O juiz do condado de Fulton, Scott McAfee, responsável pelo caso contra Willis, permitiu que as informações sejam levadas ao tribunal.
A defesa também tratará sobre as viagens de Willis e Wade à Califórnia, Belize e Caribe, supostamente financiadas com dinheiro do contribuinte — o promotor especial recebeu mais de US$ 650 mil (cerca de R$ 3,2 milhões) pelo cargo.
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Mudança de data na Flórida
Sem conseguir estar em dois lugares ao mesmo tempo, o republicano estará presente na audiência desta sexta-feira na Flórida. A reunião tratará sobre questões de agendamento, provas sobre as acusações de reter documentos sigilosos e as tentativas de obstruir os esforços do governo para recuperá-los. O processo também é enfrentado por dois co-réus, Walt Nauta, um assessor de Trump, e Carlos de Oliveira, funcionário imobiliário de Mar-a-Lago, para onde Trump levou os supostos documentos após a vitória de Biden.
A juíza distrital dos EUA, Aileen M. Cannon, escutará os argumentos para a escolha da nova data para o julgamento de Trump e discutirá se os nomes das testemunhas e agentes do FBI deveriam ser omitidos nos documentos. Acredita-se que também abordará os esforços do Departamento de Justiça para evitar o assédio e a intimidação de testemunhas, bem como a proteção da escolha daqueles que farão parte do júri.
Os promotores federais sugeriram ainda nesta quinta-feira adiar o início do julgamento de 20 de maio para 8 de julho. Acredita-se que até lá o julgamento da Suprema Corte sobre a reivindicação de imunidade presidencial de Trump já tenha acontecido. Já os advogados de defesa pediram o adiamento para depois das eleições presidenciais. O ex-presidente é consagrado o candidato favorito do Partido Republicano.
“Como principal candidato nas eleições de 2024, o Presidente Trump afirma veementemente que um julgamento justo não pode ser conduzido este ano de uma forma consistente com a Constituição, que confere ao Presidente Trump o direito da Sexta Emenda de estar presente e de participar nestes processos” e “um direito da Primeira Emenda que ele compartilha com o povo americano de se envolver em discursos de campanha”, escreveram.