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Debate caótico entre Trump e Biden é marcado por acusações e insultos

Em primeiro round repleto de interrupções, Biden chega a perguntar se Trump não 'calaria a boca'

Por Da Redação Atualizado em 30 set 2020, 10h55 - Publicado em 30 set 2020, 09h02
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  • O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu rival na corrida à Casa Branca, o democrata Joe Biden, trocaram insultos em um acalorado primeiro debate entre os candidatos à Presidência, na noite de terça-feira 29. Em um evento tenso e caótico, os dois trocaram farpas sobre a capacidade do adversário de comandar o país, com Biden em um momento do debate, marcado por várias interrupções, perguntando se Trump não “calaria a boca”. 

    Não houve aperto de mão quando os dois septuagenários subiram ao palco e, embora isso se deva em parte às restrições pela pandemia da Covid-19, a ausência do tradicional gesto cordial simbolizou a profunda divisão no país, em contagem regressiva para as eleições de 3 de novembro.

    Trump, de 74 anos, acusou Biden, de 77, de ser “socialista”, mas o candidato democrata retrucou afirmando que “todo mundo sabe” que o presidente “é um mentiroso”.

    O mandatário republicano interrompeu constantemente Biden e o corrigiu diversas vezes. O moderador do debate, o jornalista Chris Wallace, chegou a pedir a Trump que deixasse o oponente falar.

    “Parece que estou debatendo com você (Wallace), não com [Biden], mas isso não me surpreende”, respondeu Trump.

    Irritado com as constantes interrupções, Biden perdeu a paciência: “Você não vai calar a boca, cara?”, disse o ex-vice-presidente de Barack Obama. Trump, porém, manteve a estratégia de tentar desestabilizar seu adversário, que era gago quando criança e às vezes trava brevemente ao discursar.

    À medida que o debate avançava, a tensão também crescia. Trump chegou a dizer a Biden: “Não venha me falar de inteligência. Não há nada de inteligente em você”.

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    Diante das contínuas interrupções e dos deboches de Trump, e apesar das tentativas de Wallace de manter a ordem e de respeitar os tempos de fala, Biden se queixou: “É difícil falar com este palhaço, perdão, esta pessoa”. Pouco depois, o democrata acusou Trump de ser o “cachorro” do presidente russo, Vladimir Putin.

    O debate aconteceu em Cleveland, Ohio, um dos “swing-states” que pode mudar de preferência de uma eleição para outra e onde Trump foi vitorioso em 2016. Biden lidera atualmente as pesquisas no estado com 49% das intenções de voto, contra 45,7% para o atual presidente.

    A pandemia de Covid-19 também se mostrou visivelmente presente no debate. As poucas pessoas presentes no auditório usaram máscaras e os assentos foram separados para respeitar o distanciamento social. Os EUA somam mais de 7,2 milhões de casos, incluindo cerca de 205.860 mortes.

    Biden criticou a gestão da crise por Trump e tentou sensibilizar os eleitores: “Quantos de vocês levantaram hoje de manhã e tinham uma cadeira vazia na cozinha, porque alguém morreu de Covid-19?”.

    Questionado pelo moderador se condenaria sem reservas os supremacistas brancos, o presidente republicano não apresentou uma resposta direta: citou os “Proud Boys”, um grupo nacionalista que prega a superioridade da raça branca, a quem pediu que “recuem e esperem”.

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    Horas depois, os “Proud Boy”, grupo neofascista fundado em Nova York em 2016, adotou a frase usada por Trump em uma publicação na rede social Telegram. 

    Em análise posterior, Rita Katz, diretora do SITE, associação que monitora grupos extremistas, afirmou que “em um momento de níveis de pico de violência da extrema direita e de um racismo crescente, Trump fez um novo aceno aos supremacistas brancos”.

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    Impostos e reconhecimento de resultado

    A explosiva matéria do jornal “The New York Times” publicada há dois dias, apontando que Trump quase não pagou imposto de renda nem em 2016, nem em 2017, obviamente surgiu.

    Quando Wallace pediu a Trump que dissesse diretamente se havia pagado mais de 750 dólares de imposto de renda nesses anos, não em outros impostos, ele tentou fugir da resposta. Ao ser pressionado, disse que pagou “milhões de dólares”

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    “Mostre suas declarações de renda para nós”, disse Biden, que publicou sua própria declaração de 2019 antes do debate, mostrando que ele e sua mulher pagaram quase US$ 300.000. “O povo americano merece transparência”, afirmou.

    “Você vai ver”, afirmou Trump, sem dizer quando.

    Quando o tópico do debate passou para o resultado da eleição, em meio às indicações de Trump de que pode não se comprometer com uma troca de poder pacífica, Biden se comprometeu a respeitar os resultados das eleições de 3 de novembro, “após a contagem de todas as cédulas”, enquanto Trump novamente evitou o assunto.

    “Se for eu, tudo bem. Se não, apoiarei o resultado”, prometeu o ex-vice-presidente.

    Trump não respondeu a pergunta e, diante da possibilidade de que a pandemia provoque o aumento dos votos por correio, ele reiterou a acusação, sem provas, de que este tipo de votação é suscetível a fraudes em massa.

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    O resultado pode não ser conhecido por meses, disse. “Isto não vai terminar bem”, afirmou.

    Trump chegou ao debate na ofensiva, decidido a recuperar o terreno perdido contra seu rival, que está em vantagem nas pesquisas há semanas.

    Se confirmados os números das pesquisas, Trump poderá se tornar o primeiro presidente em 25 anos a não conseguir um segundo mandato, repetindo o feito de seu colega republicano George H. W. Bush, derrotado por Bill Clinton em 1992.

    Trump também perdeu seu principal trunfo político nos últimos meses: uma gestão da economia que levou o desemprego ao nível mais baixo em décadas, mas que foi devastado pela pandemia que destruiu milhões de postos de trabalho. 

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    Dada a larga, os dois candidatos agora voltam a debater em 15 de outubro, em Miami, e em 22 de outubro, em Nashville, no Tennessee.

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