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Cristina Kirchner tentou ajuda de Dilma para salvar terroristas

Segundo documento do juiz Bonadio, ex-presidente argentina queria ganhar influência na Interpol. O Brasil não acatou o pedido

Por Duda Teixeira Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 dez 2017, 17h12 - Publicado em 11 dez 2017, 16h19

No documento em que pediu a prisão preventiva da ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, por tentar garantir a impunidade dos terroristas iranianos que explodiram o prédio da Amia, em Buenos Aires, e mataram 85 pessoas, o juiz federal Claudio Bonadio copiou um trecho de um email escrito no dia 30 de outubro de 2014:

“Berni esteve hoje à noite em uma reunião com a Presidenta (Cristina Kirchner) e o Núncio Apostólico. A Presidenta vai falar com Dilma Rousseff para pedir que baixem o candidato brasileiro à Interpol”

Documento do juiz Claudio Bonadio, em que pediu a prisão preventiva da presidente da Argentina, Cristina Kirchner
Documento do juiz Claudio Bonadio, em que pediu a prisão preventiva da ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner (Reprodução/VEJA)

Em 2014, a Polícia Federal brasileira havia indicado o seu então diretor executivo Rogério Galloro para o Comitê Executivo da Interpol. Galloro disputou com outros dois candidatos, um argentino, Sérgio Berni, e um colombiano.

O evento da Interpol aconteceu em Mônaco em novembro, um mês depois de o e-mail ter sido enviado. O Brasil não retirou seu candidato, como queria Cristina, mas ainda assim o argentino Sérgio Berni foi eleito com a maior quantidade de votos.

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Sérgio Berni foi o secretário de Segurança do governo de Cristina Kirchner. Ele foi a primeira pessoa a entrar no apartamento do procurador Alberto Nisman, assassinado em seu apartamento de Puerto Madero, em janeiro de 2015.

Nisman foi quem denunciou a tentativa da Casa Rosada de livrar os terroristas iranianos, que tinham recebido um alerta vermelho da Interpol. Eles corriam o risco de serem presos pela polícia internacional se viajassem por outros países. Aparentemente, Cristina Kirchner acreditava que, com Berni na chefia da Interpol, seria possível evitar a prisão dos iranianos.

O documento do juiz Bonadio também afirma que Cristina pensou em apelar para o papa Francisco no intuito de alcançar seu objetivo. “A Presidenta também falou em envolver o papa na candidatura de Berni. Para isso, Berni pede que você chame o nosso embaixador no Vaticano para solicitar o apoio do papa”, diz o e-mail.

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No último sábado, dia 9 de dezembro, Cristina Kirchner e Dilma Rousseff voltaram a se falar. As duas conversaram pessoalmente na casa da argentina, que fica no bairro Recoleta, em Buenos Aires.

Sobre sua amiga, Dilma afirmou: “Cristina é uma líder política forte e uma guerreira incansável na defesa dos direitos do povo argentino. Ela está disposta e firme em resistir. Como todos nós“, disse a brasileira, depois da reunião.

Uma reportagem de VEJA publicada em 2015 revelou que, segundo três ex-integrantes da cúpula do governo venezuelano, que intermediou o acordo, o Irã mandou dinheiro para a campanha de Cristina Kirchner em troca de segredos nucleares e impunidade no caso Amia. Se isso é defender os direitos do povo argentino…

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