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Covid-19: Favela de Buenos Aires em quarentena concentra mais de 196 casos

'A primeira coisa que a pandemia deve nos ensinar é que vivemos em um país injusto', disse o presidente argentino, Alberto Fernández

Por Da Redação
Atualizado em 28 Maio 2020, 18h07 - Publicado em 28 Maio 2020, 18h02
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  • A favela de Villa Azul, na província de Buenos Aires, tem preocupado as autoridades argentinas pelo número de casos da Covid-19 confirmados entre seus moradores — são pelo menos 196 enfermos até o final da quarta-feira 27. Em isolamento desde o final de semana, por decisão do governador, Axel Kicillof, os habitantes de Villa Azul estão sendo testados e recebendo alimentos por funcionários da área da saúde com a ajuda do Exército.

    “A primeira coisa que a pandemia deve nos ensinar é que vivemos em um país injusto e agora ninguém pode dizer que não viu isso”, disse o presidente argentino, Alberto Fernández, ao lado de Kicillof em uma coletiva de imprensa na terça-feira 26.

    Embora o presidente não tenha criticado abertamente a decisão do governador da capital por optar pelo isolamento da Villa Azul, um membro de seu governo, o secretário de Desenvolvimento Social Daniel Menéndez, chegou a acusar Kicillof de estar “criando guetos para pessoas pobres”. “Quando um surto aparecer, seja em um country [bairro residencial de elite] ou em um prédio, será feita uma quarentena comunitária. Isso não é exclusivo de bairros populares”, rebateu Kicillof.

    As autoridades da província de Buenos Aires ergueram na segunda-feira 25 barreiras na entrada da Villa Azul, que fica entre as cidades de Quilmes e Avellaneda, após o início de uma campanha de testes da Covid-19 nos distritos mais pobres da região.

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    Dos 301 testes conduzidos até o início da quarta-feira na Villa Nova, onde moram cerca de 4.000 pessoas, 174 deram positivo para a doença. Antes do final do dia, o número de casos no bairro cresceu para 196, e outras 50 pessoas apresentaram sintomas compatíveis com a doença.

    O secretário da Saúde da Província de Buenos Aires, Daniel Gollán, disse que nenhuma morte por Covid-19 foi reportada na Villa Nova até a quarta-feira. “Isso é pior do que uma explosão nuclear”, disse Sergio Berni, secretário da Segurança, na quarta-feira. “[Em uma explosão nuclear] você pode pelo menos medir a radioatividade em tempo real. Com este [vírus], estamos 14 dias atrasados”, acrescentou.

    A secretária de Governo provincial, María Teresa García, porém, assegurou nesta quinta-feira, 28, que “está controlada a situação na Villa Azul”.

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    Uma favela próxima à Villa Azul, a Villa Itatí, já reportou pelo menos 18 casos da Covid-19 até a quarta-feira, segundo o jornal argentino Clarín. Até o final da quarta-feira, não foi discutida a possibilidade de impor quarentena nos 15.000 moradores do local. Já nos municípios periféricos de La Matanza, Lomas de Zamora, San Isidro e La Plata, onde 5.500 pessoas foram testadas na quarta-feira, as autoridades locais detectaram apenas cinco casos suspeitos.

    A capital Buenos Aires responde por mais de 56% dos cerca de 14.000 casos da Covid-19 na Argentina. Menos de 250 de seus habitantes faleceram em decorrência da doença. O país vizinho, que adotou rígida quarentena, registra um total de 13.933 casos de contaminação e 501 mortes.

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