Michael Cohen, ex-advogado do presidente americano, Donald Trump, está entre os seis detentos de uma prisão federal do estado de Nova York que foram liberados para prisão domiciliar para se prevenir da pandemia da Covid-19, que já atingiu mais de 2,2 milhões de pessoas no mundo. Cohen cumpre pena de três anos por seu envolvimento em um esquema ilegal durante a campanha eleitoral de Trump em 2016, em especial na relação entre a campanha do republicano e o governo da Rússia e no silenciamento da atriz pornô Stephanie Clifford, conhecida como Stormy Daniels.
Antes de progredir para a prisão domiciliar, Cohen passará por mais duas semanas de quarentena no complexo penitenciário federal na Vila de Otisville, onde cumpre sua pena desde maio de 2019, disse seu advogado, Roger Adler, no final da quinta-feira 16.
A decisão de liberar Cohen, que tem 53 anos, do regime fechado, foi decidida pela Secretaria Federal de Prisões, um órgão do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Segundo a Secretaria, mais de 470 condenados, dentre eles 14 em Otisville, e de 275 funcionários penitenciários testaram positivo para a Covid-19.
O jornal The New York Times reportou que a Secretaria não revelou se Cohen ou qualquer um dos outros detentos a serem liberados cumprirão o resto de suas penas em prisão domiciliar ou não após o fim da pandemia.
Cohen foi condenado no final de 2018 por ter mentido Congresso e por violação de leis de financiamento eleitoral. Os dois crimes foram cometidos quando ele assessorava a campanha eleitoral de Trump em 2016. Ele também foi sentenciado por crimes de evasão fiscal que não tinham relação com o republicano.
Russiagate
Em novembro de 2018, Cohen admitiu ter feito declarações falsas sobre um projeto de construção de um arranha-céu da marca Trump em Moscou, que acabou não se materializando.
O advogado mentiu aos comitês de Inteligência do Senado e da Câmara dos Deputados para criar a impressão falsa de que o empreendimento imobiliário moscovita havia terminado quando a temporada de primárias partidárias para as eleições presidenciais de 2016 começou, em 1º de fevereiro.
Segundo a confissão de Cohen, as negociações em Moscou continuaram até junho de 2016, quando as primárias republicanas já estavam prestes a se encerrar. O depoimento do ex-advogado de Trump reforçou o escândalo do relacionamento entre a campanha eleitoral do republicano e a Rússia, conhecido como Russiagate.
O episódio se concluiu com o relatório de 2018 do conselheiro do FBI Robert Mueller — que não encontrou conspiração entre a campanha do presidente e o governo russo, mas não exonerou o republicano em relação às acusações de obstrução de Justiça.
Stormy Daniels
Além do Russiagate, o ex-advogado de Trump admitiu culpa em oito crimes de evasão de impostos, falsas declarações a um banco e violação de leis de financiamento de campanhas eleitorais.
No caso de violação de leis de financiamento eleitoral, Cohen intermediou a compra do silêncio da atriz pornô Stormy Daniels, com quem Trump supostamente havia mantido relações sexuais, mesmo já sendo casado com a primeira-dama americana, Melania Trump.
Cohen pagou 130.000 dólares a Daniels e, em um outro caso semelhante, intermediou o pagamento do silêncio da modelo da Playboy Karen McDougal.