Coroação de Charles impulsiona turismo, mas economia ainda tropeça
Segundo Fundo Monetário Internacional, economia deve encolher 0,3% neste ano, a maior contração entre países do G20
Apesar da previsão de aumento da receita com a coroação do rei Charles III no primeiro sábado de maio, 6, a estagnação da economia e o aumento da inflação no Reino Unido nas últimas décadas escalam os receios de que o incentivo ao turismo não seja capaz de amortecer a queda. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia britânica deve escolher 0,3% neste ano, sendo a maior contração entre os países pertencentes ao G20.
Com a chegada oficial do monarca ao trono, empresas no centro de Londres experimentarão uma infusão de dinheiro dos interessados pela realeza britânica. Hotéis, pubs e restaurantes serão os principais estabelecimentos beneficiados pela cerimônia. Os residentes, no entanto, não sentem os impactos positivos da monarquia, já que a elevação do custo de vida e a insatisfação salarial provocaram uma série de greves nos últimos meses.
Mesmo com a insatisfação local com uma possível recessão econômica, as autoridades apresentam otimismo de que a coroação impulsionará o setor de turismo, que se recupera de dois anos de queda nas visitas ao país causada pela pandemia de Covid-19. Um terço abaixo das taxas de 2019, o Reino Unido recebeu cerca de 29,7 milhões de turistas.
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Em entrevista à Associated Press, a diretora-executiva do conselho de turismo VisitBritain, Patricia Yates, afirmou que a expectativa é que as celebrações em homenagem ao rei Charles III alcancem o mesmo patamar de arrecadação das festividades do Jubileu de Platina da rainha Elizabeth II, ocorridas no ano passado. Elas teriam garantido a visita de 2,6 milhões de turistas a Londres.
“Podemos ver um aumento de 10% nas reservas de voos até maio no mercado americano”, relatou. “O grande ponto de interrogação é, claro, a China, que era nosso segundo mercado mais valioso e ainda não voltou nos números que gostaríamos de ver.”
O ganho significativo da receita através da vendas de bebidas alcoólicas e da prolongação do funcionamento de pubs nos dias 5 e 6 de maio não se compara aos gastos da coroa. A estimativa é de que as comemorações custem aproximadamente 100 milhões de libras (630 milhões de reais) ao mesmo tempo em que oferecem um feriado para o dia 8, representando um dia a menos de trabalho no país.
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De acordo com a empresa de consultoria Brand Finance, a realeza impulsiona a economia do britânica em 500 milhões de libras anuais (mais de 3 bilhões de reais) em um sistema que compensa os 350 milhões de libras (cerca de 2,2 bilhões de reais) pagos pelos contribuintes.
Em contrapartida, os escândalos na realeza, como a acusação de abuso sexual movida contra o príncipe Andrew e as brigas do príncipe Harry e da duquesa de Sussex, Meghan, com a família, teriam provocado a redução do valor garantido pela monarquia britânica desde 2017.