O submarino que desapareceu no domingo 18 na costa sudeste do Canadá enquanto transportava turistas para explorar os destroços do Titanic no oceano Atlântico é dirigido por um controle semelhante a um de videogame. No interior do veículo, com capacidade para cinco pessoas, três monitores, um botão, uma pequena janela e um banheiro improvisado compõe o layout de navegação.
Em uma corrida contra o tempo, as autoridades do Canadá e dos Estados Unidos intensificaram seus esforços para encontrar a embarcação Titan, operada pela empresa OceanGate Expeditions, que, de acordo com estimativas, ainda teria 50 a 76 horas de oxigênio na manhã desta terça-feira, 20.
O CEO da companhia, Stockon Rush, que tinha a proposta de aumentar o acesso do público ao oceano profundo, afirmou à emissora americana CBS que o veículo perdido não exige muita habilidade para dirigir.
Em um vídeo publicado na emissora CBC, feito na província canadense de Newfoundland há cerca de dez meses, Rush mostra o interior do veículo de maneira detalhada. Cada um dos três monitores possui função própria: o primeiro têm as informações sobre a navegação, o outro mostra o sonar e a terceira tela, de tamanho maior em comparação às outras, exibe as imagens exteriores à tripulação e aos passageiros. Já o botão, utilizado pela embarcação, muda de vermelho para verde quando é acionado.
“O submarino é como se fosse um elevador”, disse Rush. “Não exige muita habilidade para conduzi-lo”, disse ele no vídeo.
O CEO também mostra a estrutura de metal que serve de banheiro ao lado da janela. De acordo com ele, o ambiente seria o “melhor lugar da casa”, com direito a uma tela de privacidade e música. Cada item do submersível é resistente e possui tecnologia bluetooth. No entanto, cada membro da tripulação leva peças extras caso o veículo apresente problemas no fundo do mar.
Entre as pessoas a bordo no submarino está o bilionário britânico fundador e CEO da Action Aviation, Hamish Harding, o empresário paquistanês, Shahzada Dawood, o vice-presidente do conglomerado Engro, e seu filho Suleman. Além disso, segundo a emissora britânica Sky News, o próprio Rush pode estar entre os passageiros.
O jornalista da CBS, David Pogue, que já acompanhou uma das embarcações do Titan no ano passado, disse à emissora BBC que chegou a hesitar em embarcar porque alguns dos componentes do veículo pareciam improvisados.
“Você dirige este submarino com um controle de jogo do Xbox, parte do lastro era de canos de construções abandonadas”, comentou.
Inicialmente, segundo Pogue, os passageiros ficam presos dentro de uma cápsula principal com vários encaixes colocados do lado de fora que precisam ser removidos por uma equipe externa. Por isso, é quase impossível que escapem sozinhos.
A empresa do submarino afirmou em seu site que o veículo é feito de fibra de carbono e pode chegar a 4 mil metros de profundidade, atingindo uma velocidade de quase 9 km/h. A expedição começa em Newfoundland, no Canadá, e se desloca por aproximadamente 600 km no Atlântico até chegar aos destroços.
“Através do uso inovador de materiais modernos, o Titan é mais leve e mais econômico do que qualquer outro submersível de mergulho profundo”, afirmou a empresa.
O veículo mede 6,7 metros de comprimento e pesa cerca de 10 toneladas. Além disso, o submarino possui uma autonomia de 96 horas quando cinco pessoas estão abordo, levando duas horas para descer em águas profundas até o Titanic, informou a agência de notícias Reuters.
Cada vaga para participar da expedição custa US$ 250 mil (R$ 1,2 milhão) em viagens de oito dias para ver os restos do transatlântico Titanic. Além do piloto, o submersível comporta três passageiros que pagam pela vaga e um “especialista em conteúdo”.
Segundo a empresa, seus clientes recebem “instruções de segurança”. Porém a viagem não exige nenhuma experiência prévia de mergulho, apenas alguns pré-requisitos físicos, embora não seja claro quais.
Ao menos dois aviões estadunidenses e canadenses com sonar capazes de detectar submarinos foram mobilizados para as buscas. A França também anunciou nesta terça-feira que enviaria auxílio.
“É um desafio realizar uma busca nessa área remota, mas estamos mobilizando todos os recursos disponíveis para garantir que possamos localizar a embarcação e resgatar as pessoas a bordo”, afirmou um dos responsáveis pelas operações de busca, o contra-almirante John Mauger,.
O Titanic afundou em 1912 em sua viagem inaugural de Southampton a Nova York, depois de bater em iceberg. Os destroços do naufrágio são explorados desde que foram descobertos em 1985.