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Contra a tradição, príncipe bin Salman vira premiê da Arábia Saudita

MBS deixa de ser líder 'de facto' para ser líder 'de jure', ganhando cargo tradicionalmente ocupado pelo rei

Por Da Redação
28 set 2022, 10h46
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  • O poderoso príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, foi nomeado primeiro-ministro nesta quarta-feira, 28 – um cargo tradicionalmente ocupado pelo rei.

    O filho de 37 anos do rei Salman bin Abdulaziz, 86, já é visto como o governante de fato do estado rico em petróleo do Golfo. Um decreto real anunciou sua promoção, de vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa a premiê, citando uma exceção à Lei Básica.

    Um funcionário do governo disse à agência de notícias Reuters que a medida estava de acordo com a anterior delegação de deveres do rei a ele.

    “O príncipe herdeiro já supervisiona os principais órgãos executivos do Estado diariamente, e seu novo papel como primeiro-ministro está nesse contexto”, explicou.

    Ali Shihabi, um analista saudita próximo à corte real, tuitou que a promoção de Mohammed bin Salman “formaliza seu papel real e eliminou questões de protocolo anteriores de antiguidade com outros chefes de governo”, acrescentando: “Ele se classifica agora como chefe de governo de jure, não apenas de facto.”

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    O rei, que foi hospitalizado duas vezes este ano, continuará a presidir as reuniões de gabinete a que participa.

    O decreto nomeou outro de seus filhos, o príncipe Khalid bin Salman, como o novo ministro da Defesa. Um terceiro, o príncipe Abdulaziz bin Salman, continua no cargo-chave de ministro da Energia do maior exportador de petróleo do mundo.

    Um novo vice-primeiro-ministro ainda não foi nomeado, ou a informação ainda não foi divulgada pelo governo saudita. A decisão pode revelar mais sobre a possível linha de sucessão, embora o MBS não deva se preocupar com isso por pelo menos algumas décadas.

    + O incrível retorno do príncipe que mandou esquartejar o jornalista

    Ascensão do líder

    Poucas pessoas fora da Arábia Saudita tinham ouvido falar de Mohammed bin Salman antes de seu pai se tornar rei em 2015.

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    Ele foi aplaudido por algumas das reformas sociais e econômicas que supervisionou no conservador reino do Golfo, incluindo o fim da proibição de mulheres dirigirem e a busca por diversificar a economia para além do petróleo.

    Mas MBS também foi fortemente criticado por levar adiante a guerra no Iêmen, que causou uma catástrofe humanitária, e por reprimir opositores, com pesadas sentenças de prisão por infrações pequenas, como críticas nas redes sociais.

    A reputação internacional do príncipe sofreu grandes danos depois que o jornalista saudita Jamal Khashoggi, um crítico proeminente do reino, foi morto por agentes sauditas no consulado da Arábia Saudita em Istambul, em 2018. As agências de inteligência dos Estados Unidos concluíram que o príncipe havia aprovado uma operação para capturar ou matar Khashoggi, mas MBS nega qualquer envolvimento até hoje.

    + Crise energética cria emergência na Europa: o último a sair, apague a luz

    O aumento nos preços globais do petróleo, desencadeado pela invasão da Ucrânia pela Rússia, fez com que o príncipe voltasse ao círculo de líderes ocidentais nos últimos meses. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, visitou-o em Jeddah em julho, apesar de ter prometido fazer da Arábia Saudita uma nação “pária” por causa do assassinato de Khashoggi.

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