A semana não foi fácil para o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson. Primeiro, houve a deserção de 21 parlamentares conservadores e, com isso, perdeu a maioria no Parlamento. Depois, seu irmão Jo Johnson renunciou o posto de ministro de Indústria e Comércio. Nesta sexta-feira, 6, a Câmara dos Lordes o proibiu de iniciar o Brexit sem um acordo com a União Europeia.
A maré baixa, entretanto, não impediu os partidários de Johnson de levar adiante uma campanha para denegrir o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, por sua aversão à convocação de eleições gerais antecipadas. Em seu perfil no Twitter, o Partido Conservador de Boris Johnson publicou a montagem de uma foto de Corbyn fantasiado de frango em um vestiário e a frase: “JFC Frango totalmente covarde”.
A ligação de Corbyn à marca publicitária da rede de fast-food americana KFC (Kentucky Fried Chicken) tem sido frequente munição na guerra política dos conservadores contra os trabalhistas. O rosto de Corbyn pode até lembrar o de Coronel Sanders, fundador da empresa. Mas o elemento de propaganda mais importante, entretanto, está o uso corrente em inglês da palavra frango como sinônimo de covarde.
O plano de Johnson de convocar eleições antes de 31 de outubro, quando deverá acontecer o Brexit, está escudado em sua convicção de que o Partido Conservador sairá vencedor e, portanto, ele mesmo será reconduzido ao posto de primeiro-ministro. Com isso, terá mais força para conduzir o Brexit na data fixada, mesmo sem acordo com os europeus.
Os comentários no perfil dos conservadores, porém, deixaram clara a aversão dos leitores ao golpe baixo disparado contra Corbyn. Ao contrário de desmotivar o líder trabalhista, o fizeram levar adiante seu plano impedir que as eleições ocorram antes de 31 de outubro e da certeza de que o Brexit se dará com base em um acordo com os europeus. Na segunda-feira, 9, os partidos de oposição votarão em massa contra o pleito.
Não dos lordes
A câmara alta do Parlamento britânico aprovou nesta sexta-feira um projeto de lei que visa bloquear um Brexit sem acordo no final de outubro, e, com isso, forçou Boris Johnson a adiar a saída do Reino Unido da União Europeia. A questão terá de ser negociada por ele com Bruxelas.
A legislação exige que Johnson solicite uma prorrogação de três meses da permanência do Reino Unido na União Europeia se o Parlamento não aprovar um acordo ou não consentir a saída sem acordo até 19 de outubro, deverá ser sancionada pela rainha Elizabeth II na segunda-feira.
A Câmara dos Lordes aprovou o projeto sem votação formal em sua fase final. O texto já havia sido aprovado pela Câmara dos Comuns.
Johnson chamou a proposta de “projeto de lei de rendição” e disse que o texto atrapalhou suas negociações sobre o Brexit com os europeus, ao removern a ameaça de sair sem acordo. Na quinta-feira 5, ele disse que preferia estar “morto em uma vala” a adiar a saída do Reino Unido da União Europeia.
Até agora, os partidos de oposição rejeitaram seu pedido de eleição, o que exigiria o apoio de dois terços dos 650 parlamentares da Câmara dos Comuns para ser aprovado. Johnson não tem os votos necessários.
(Com Reuters)