O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou nesta sexta-feira sua primeira resolução para responder aos repetidos abusos sexuais cometidos por boinas azuis, como são conhecidos os soldados das forças de paz da ONU, respaldando a decisão de repatriar reincidentes ou os que não respondam adequadamente às acusações.
Além disso, o conselho pediu ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para que quando um país não tomar as medidas apropriadas para responder a estes crimes, todos os seus integrantes na missão de paz em questão sejam substituídos.
O texto, promovido pelos Estados Unidos, foi aprovado por 14 votos a favor e teve uma abstenção, do Egito, que em um movimento pouco habitual tentou sem sucesso introduzir uma emenda pouco antes da votação.
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Boinas azuis de 21 países foram acusados por abusos sexuais em 2015
A proposta egípcia tornava mais difícil repatriar todas as forças de um determinado país caso a nação não reagisse às acusações, alegando que a ideia pode representar “punições coletivas” contra centenas de boinas azuis inocentes.
Os EUA se opuseram frontalmente à emenda, que segundo a embaixadora Samantha Power teria minado o objetivo da resolução, que é acabar com a falta de respostas aos casos de abusos sexuais.
A iniciativa do Egito não obteve o apoio necessário, mas fez evidente a brecha que há neste assunto entre os países que contribuem com a maioria dos boinas azuis – habitualmente nações em vias de desenvolvimento – e os que enviam pouco ou nenhum pessoal, mas financiam o grosso das operações.
A resolução foi aprovada depois de várias acusações de abusos e exploração sexual que teriam sido cometidos por membros das forças de paz, especialmente na República Centro-Africana.
Apenas em 2015, a ONU recebeu 69 acusações de abusos sexuais por parte de boinas azuis, cometidos por pessoas de 21 países e, em muitos casos, contra menores.
A maior parte dos casos se concentraram em duas operações, as realizadas na República Democrática do Congo (Monusco) e na República Centro-Africana (Minusca), onde as repetidas acusações levaram a ONU a forçar a renúncia do chefe da missão e a repatriar centenas de soldados congoleses.
(Com EFE)