Pesquisas de boca de urna na eleição presidencial da Ucrânia indicam a vitória do comediante Volodymyr Zelenskiy, 41 anos, sobre o atual presidente, Petro Poroshenko. Zelenskiy, que interpreta um presidente fictício em uma série de TV e não tem qualquer experiência política, teve 73% dos votos contra 25% de Poroshenko, segundo as pesquisas.
Diante dos números, o presidente ucraniano reconheceu a derrota. “Quando vejo os resultados das pesquisas de boca de urna (mais de 70% dos votos para Zelenski), são evidentes. É motivo para ligar para meu oponente e parabenizá-lo”, afirmou Poroshenko em seu comitê de campanha, acompanhado de sua equipe e sua esposa.
“Já no mês que vem deixarei o cargo de chefe de Estado”, acrescentou o presidente, que governa o país há cinco anos. “Assim decidiu a maioria dos ucranianos e percebo esta decisão. Deixarei o escritório presidencial, mas não sairei da política”, afirmou Petro Poroshenko, que não revelou detalhes sobre seu futuro e só indicou que “seguirá servindo ao país”.
A popularidade do presidente vinha sendo impactada negativamente por dificuldades para frear a corrupção no país e pela queda no padrão de vida dos ucranianos.
Em jogo nas eleições estavam a liderança de um país na linha de frente de um impasse entre o Ocidente e a Rússia após a anexação da Crimeia por Moscou e seu apoio a uma insurgência pró-Rússia no leste da Ucrânia.
Os candidatos – que trocaram insultos e acusações em um debate realizado em um estádio de futebol em Kiev, na sexta-feira 19 – haviam prometido manter a Ucrânia em um caminho pró-Ocidente.
Mas a vitória de Zelenskiy é uma mudança dramática para um país cujos presidentes anteriores, desde sua independência em 1991, foram políticos experientes, incluindo três ex-primeiros ministros.
Investidores queriam garantias de que o vencedor do pleito buscará acelerar as reformas necessárias para atrair investimento estrangeiro e manter o país em um programa do Fundo Monetário Internacional (FMI) que apoiou a Ucrânia em meio à guerra, recessão e desvalorização da moeda.
A campanha não ortodoxa de Zelenskiy explorou o personagem que ele interpreta no programa de TV, um professor de escola escrupulosamente honesto que se torna presidente por acidente após um discurso inflamado sobre corrupção viralizar.
Sua campanha contou com posts excêntricos em redes sociais e piadas, ao invés dos tradicionais comícios e panfletagens
Zelenskiy prometeu combater a corrupção, uma mensagem que ressoou entre os ucranianos, cansados do status quo em um país de 42 milhões de pessoas que é um dos mais pobres da Europa quase três décadas após romper com a União Soviética.
Ele também falou da necessidade de tentar encontra uma forma de acabar com a guerra contra separatistas pró-Rússia por meio de negociações mais amplas com o presidente Vladimir Putin, apoiadas pelo Ocidente.