Com reunião de Milei e Fernández adiada, transição inicia em ritmo lento
Troca de comando deve ocorrer em ritmo 'conta-gotas', segundo jornais argentinos; Massa anunciou que continua na Economia e formou equipe de transição
Previsto para esta segunda-feira, 20, o encontro que daria início ao processo de transição de governo entre o atual presidente da Argentina, Alberto Fernández, e o presidente eleito neste domingo, Javier Milei, foi adiado após uma troca de acusações entre o vencedor e o ministro da Economia, Sergio Massa, derrotado nas urnas. A comunicação difícil entre as partes, segundo a imprensa argentina, indica que a troca de comando deve ocorrer “a conta gotas”.
O descontentamento de Milei teria surgido após uma fala de Massa, na noite de domingo, que atribuía ao ultradireitista “responsabilidade” nos resultados desastrosos da economia.
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Uma conversa entre o secretário-geral da presidência, Julio Vitobello, e Karina Milei, irmã e braço direito do presidente eleito, logo após a definição das urnas na noite de domingo possibilitou o agendamento da reunião entre as partes, mas uma divergência sobre o local seria mais um dos motivos do entrave.
“Milei quer que a reunião não ocorra nem em Olivos (a residência oficial da Presidência Argentina) nem na Casa Rosada (sede de governo). E Alberto é inflexível quanto a isso, porque é o que manda o protocolo”, disseram ao jornal La Nación fontes ligadas ao atual presidente, que passou a manhã na propriedade de Olivos.
Essa versão sobre o adiamento foi parcialmente validada pela turma de Milei, que revelou a procura por um “local neutro”. No entanto, os dois lados se culparam ao longo do dia a respeito do fracasso na realização do rito democrático.
Em uma das entrevistas que concedeu na manhã desta segunda-feira, Milei detonou também os rumores sobre um pedido de licença do rival. “O que o ministro Massa fez ontem é surpreendente. Tirar uma licença depois de criar um desastre econômico para tentar ganhar uma eleição? Além disso, ele me acusa dos problemas que ele mesmo causou durante o último ano e meio”, disse Milei.
O presidente eleito não indicou nesta segunda quem deve ser seu ministro da Economia — e responsabilizou Massa por isso. “Eu tinha um plano de anunciar meu ministro da Economia hoje. Mas a astúcia do ministro Massa em nos culpar pelas decisões tomadas pelo atual governo e dizer que ele está tirando uma licença implica que eles estarão torpedeando o ministro antes que ele tome posse”, disse Milei em outra entrevista.
Segundo o La Nación, Massa se reuniu com sua equipe do Ministério da Economia e confirmou que vai continuar à frente da pasta. O ministro também anunciou o time que facilitará a transição de governo: Gabriel Rubinstein (secretário de Política Econômica), Leonardo Madcur (chefe dos assessores do Ministério), Raul Rigo (secretário de Fazenda) e Miguel Pesce (presidente do Banco Central).