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Com novos focos de Covid-19, espanhóis são ‘rejeitados’ pela Europa

Alemanha e França desaconselham viagens não essenciais a regiões mais afetadas da Espanha; Reino Unido impôs quarentena obrigatória para turistas do país

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 25 mar 2021, 22h24 - Publicado em 28 jul 2020, 10h09
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  • Com 855 novos casos de coronavírus registrados apenas nesta segunda-feira, 27, a Espanha se tornou um novo pólo de preocupação para o restante da Europa. Diante dos novos surtos de Covid-19 na Catalunha, em Navarra e em Aragão, Alemanha, Reino Unido e França tomaram medidas para impedir a contaminação de seus cidadãos por turistas espanhóis ou durante viagens ao país.

    O instituto alemão de epidemiologia e vigilância em saúde Robert-Koch (RKI) manifestou seu alarme com a situação espanhola, levando o governo de Angela Merkel a desaconselhar viagens não essenciais às regiões. Embora “o número de infecções tenha caído de maneira substancial” na Espanha, “atualmente existem novos focos regionais de infecções” nessas três regiões, afirma o Ministério das Relações Exteriores em nota publicada em seu site nesta terça-feira, 28.

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    O presidente do RKI comemorou em entrevista coletiva que a Alemanha, com 9.122 mortes declaradas pelo novo coronavírus, tenha administrado relativamente bem a crise, em comparação com seus vizinhos europeus – em especial, graças ao respeito de rígidas regras sanitárias. Ele disse estar preocupado, porém, com o relaxamento de parte da população nesta questão.

    “Conseguimos manter o número de casos novos estável por várias semanas (…) mas observamos um aumento de contágios há vários dias”, apontou. A média de novos casos de Covid-19 na Alemanha subiu para 557 há uma semana, depois de ter ficado abaixo de 350 em meados de julho.

    Também nesta terça, o governo britânico defendeu sua decisão de colocar em quarentena todos os viajantes procedentes da Espanha, uma medida criticada pelas autoridades espanholas.

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    O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, considerou “inadequada” a decisão, tomada duas semanas depois de isentar o país de qualquer medida preventiva. A maioria dos novos casos na Espanha é nas regiões de Aragão e Catalunha, motivo pelo qual Sánchez disse que lugares como as Ilhas Baleares e Canárias e a Andaluzia, que dependem muito do turismo britânico, são destinos seguros, “até mais do que o Reino Unido”.

    “Não concordamos com o governo espanhol sobre isso”, respondeu o secretário de Estado de Crescimento Regional e de Governo Local, Simon Clarke, à rede BBC. “Temos que tomar decisões em nível nacional”, porque pode haver “transferências internas na Espanha”, alegou Clarke.

    Segundo ele, a Espanha registrou “um aumento de 75% dos casos entre o meio e o final da semana passada, por isso, tomamos essas medidas”. A decisão de Londres pegou de surpresa, no domingo, milhares de britânicos que estavam de férias na Espanha. Eles são os principais turistas estrangeiros na região. Em 2019, cerca de 18 milhões de britânicos passaram por lá.

    Diante da irritação dos turistas e do setor, o secretário de Estado disse que é preciso planejar as férias, levando-se em consideração que viajar para o exterior em meio a uma pandemia permanece sujeito ao “direito do governo de tomar medidas para proteger o Reino Unido”. “As pessoas que viajam para o exterior terão que aceitar que há um certo grau de incerteza”, acrescentou.

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    Na semana passada, o governo da França já havia recomendado que seus cidadãos não viajassem para a Catalunha. O primeiro-ministro Jean Castex afirmou ainda que está em negociação com o governo espanhol para limitar o número de turistas espanhóis que entram em território francês.

    Novos focos

    Quando a epidemia parecia estar sob controle na Espanha após um confinamento mais severo do que nos países vizinhos, as infecções por coronavírus começaram a aumentar rapidamente, triplicando em duas semanas. Nos últimos 14 dias, o país contabilizava 40 novos casos por 100.000 habitantes, contra 15 no Reino Unido e França ou 8 na Alemanha.

    Ao todo, a Espanha acumula 272.421 casos e 28.432 mortes. Somente no último final de semana foram contabilizados 6.361 novos contágios. Por outro lado, em termos de óbitos, com 26 nas últimas duas semanas, o país está em melhor situação que o Reino Unido (816).

    A situação varia por região. Aragão e Catalunha, no nordeste, acumulam a maioria das infecções, enquanto Andaluzia e Valência mostram uma evolução mais positiva.

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    A Catalunha exibe uma taxa de 985 casos da doença para cada 100.000 habitantes, enquanto Aragão está em 915 e Navarra em 991. Só em Barcelona foram contabilizados 196 novos casos nas últimas 24 horas. A famosa cidade adotou novas restrições e medidas de isolamento social há duas semanas.

    Madri

    A situação é ainda mais preocupante em Madri, onde foram registrados 1.121 contágios para cada 100.000 habitantes. Como parte de um pacote de medidas destinadas a prevenir infecções, o governo tornou o uso de máscaras obrigatório em todos os momentos.

    Os bares devem fechar às 13h e as reuniões nos terraços de restaurantes ao ar livre serão limitadas a 10 pessoas, afirmou a líder regional Isabel Díaz Ayuso. A região recomenda que reuniões privadas em casa permaneçam realizadas com menos de 10 pessoas, mas isso não é uma obrigação legal.

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    Além disso, Ayuso pediu ao governo central para expandir as checagens no aeroporto de Madri.

    Golpe no setor turístico

    A Espanha esperava salvar parcialmente sua temporada de verão vendendo-se como um destino seguro frente ao novo coronavírus, mas o aumento do número de casos no segundo principal destino turístico internacional faz o setor temer o pior. As restrições do Reino Unido e da Alemanha caíram como um balde de água fria no país, que tem os britânicos como principal contingente de turistas estrangeiros.

    A Exceltur, empregadora do setor do turismo, estima que a quarentena britânica pode custar 8,7 bilhões de euros entre agosto e setembro para o setor, que previa redução de seu faturamento pela metade em 2020. Ciente do impacto em sua economia, que deve 12% de sua riqueza e 13% de seus empregos ao turismo, o governo espanhol irá “negociar com o Reino Unido”, disse Sánchez, a fim de que a medida seja repensada.

    Durante o dia, houve pedidos das Canárias e Baleares para que Londres exclua da quarentena viajantes procedentes daqueles dois arquipélagos, onde a incidência do vírus é tão baixa que a operadora de turismo TUI decidiu manter os pacotes de férias para os clientes do Reino Unido.

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    “Não acredito que tenhamos na Espanha uma transmissão descontrolada do vírus (…) há locais onde o vírus circula muito pouco”, disse o diretor do centro de emergências sanitárias, Fernando Simón.  Segundo ele, do ponto de vista sanitário, a quarentena britânica, “de certo modo, favorece-nos, porque desestimula a vinda de pessoas do Reino Unido”, país onde o vírus também permanece circulando.

    (Com AFP e Reuters)

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