A Alemanha, mergulhada em uma crise política desde que a coalizão no poder se desfez na semana passada, deve antecipar as eleições para 23 de fevereiro, após parlamentares do Partido Social-Democrata, parte do atual governo, e da União Democrata-Cristã, principal voz da oposição, chegarem a um acordo nesta terça-feira, 12.
A data ainda precisa ser aprovada pelo presidente, Frank-Walter Steinmeier, mas isso é considerado mera formalidade. No calendário, o pleito estava marcado para setembro do ano que vem.
Crise
A turbulência começou quando o chanceler alemão, Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata (de centro-esquerda), demitiu seu ministro das Finanças, Christian Lindner, do Partido Democrático Liberal (de centro-direita), após meses de disputa sobre como preencher um buraco multibilionário no orçamento nacional. A legenda de Lindner, por sua vez, deixou a coalizão, que também conta com o Partido Verde, deixando-a sem maioria no parlamento.
Scholz deve fazer um discurso ao legislativo na quarta-feira, 13. Espera-se que ele anuncie em breve a data de um voto de confiança no governo, que sua coalizão deve perder, abrindo caminho para eleições. A votação pode ocorrer em 18 de dezembro.
O Partido Social-Democrata, o Partido Democrático Liberal e o Partido Verde governavam juntos desde 2021, a primeira coalizão de três pilares em nível federal na Alemanha. O atrito entre as legendas se agravou devido à saúde financeira do país – a maior economia da Europa deve encolher pelo segundo ano consecutivo e em meio à atual volatilidade geopolítica, com guerras na Ucrânia e no Oriente Médio.
Xadrez político
Com a saída do Partido Democrático Liberal da coalizão na semana passada, os social-democratas de Scholz e os verdes continuaram governando com minoria no parlamento.
Scholz, que quer concorrer ao cargo de chanceler novamente, sugeriu inicialmente uma eleição no final de março, mas foi pressionado pela União Democrata-Cristã e pelo Partido Verde a acelerar o processo. Os democratas-cristãos estão em alta nas pesquisas de opinião e seu líder, Friedrich Merz, defende uma eleição o mais cedo possível.
Se finalmente aprovada, a data da votação significa que a Alemanha estará em plena campanha eleitoral quando Donald Trump for empossado como presidente dos Estados Unidos, em 20 de janeiro.