Com 800 mil pessoas a menos, população do Japão cai em todas as províncias
Mudança demográfica afeta quase todas as partes da sociedade; esforços para reverter o declínio, até agora, tiveram pouco sucesso

Dados divulgados pelo Ministério de Assuntos Internos do Japão nesta quarta-feira, 26, revelaram que todas as 47 prefeituras do país – equivalentes a estados – registraram encolhimento da população em 2022, totalizando quase 800 mil pessoas a menos. Os números marcam dois novos recordes indesejados para a nação em declínio demográfico.
O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, caracterizou a tendência como uma “crise” e prometeu enfrentar a situação. Mas as políticas nacionais, até agora, falharam em conter a queda da população.
+ Os desafios impostos pelo crescimento populacional em ritmo mais lento
Os novos dados mostram que as mortes atingiram um recorde de mais de 1,56 milhão, enquanto houve apenas 771 mil nascimentos no Japão em 2022, a primeira vez que o número de recém-nascidos caiu abaixo de 800 mil desde o início dos registros.
Mesmo o aumento recorde de residentes estrangeiros de mais de 10%, para 2,99 milhões, não impediu o declínio. A população cai por 14 anos consecutivos e chegou a 122,42 milhões em 2022.
Em janeiro, Kishida disse que, para lidar com a taxa de natalidade, era “agora ou nunca” e alertou: “Nossa nação está à beira de saber se pode manter suas funções sociais”.
+ China registra menor número de casamentos em mais de três décadas
O envelhecimento da população do Japão já afeta quase todos os aspectos da sociedade. Mais da metade de todos os municípios são classificados como distritos despovoados, escolas estão fechando e mais de 1,2 milhões de pequenos negócios têm proprietários com cerca de 70 anos, sem sucessor.
O submundo do Japão também não escapou ileso: a maioria dos membros da Yakuza, famosa organização criminosa transnacional, tem mais de 50 anos e agora há mais gângsteres japoneses na faixa dos 70 do que na faixa dos 20.
Em 1º de abril, o governo criou a nova Agência da Criança e da Família, reunindo sob uma única entidade todas as questões relacionadas, incluindo a taxa de natalidade. O governo também prometeu dobrar os gastos com creches e subsídios para 4% do PIB, mas medidas semelhantes no passado tiveram pouco impacto no número de nascimentos.
+ Procuram-se bebês: o pacote italiano de incentivo aos casais
Apenas 300 cidades pequenas conseguiram aumentar a natalidade por meio de uma combinação de pagamentos generosos e políticas para criar ambientes mais amigáveis para as crianças. Mas até Nagi, na prefeitura de Okayama – que se tornou uma espécie de garoto-propaganda do aumento no número de crianças nascidas – viu sua população encolher nos últimos anos.
O Japão, contudo, não é o único com problemas demográficos. A taxa média de fertilidade para o grupo de nações ricas da OCDE é de 1,66, bem abaixo da taxa de reposição de 2,1 necessária para manter a população estável.
+ Terra chega aos 8 bilhões com um desafio: a desaceleração do crescimento
Embora o número de japoneses tenha começado a cair antes da de outros países – atingindo o pico em 2008 – o declínio nas taxas de fertilidade foi mais acentuado em outros lugares, particularmente no leste da Ásia. A vizinha Taiwan está logo abaixo do Japão, com 1,24 bebê por mulher, enquanto a vizinha Coreia do Sul tem a taxa mais baixa do mundo, com apenas 0,78.