Israel iniciou uma grande ofensiva aérea e terrestre na cidade de Jenin, na Cisjordânia, nesta segunda-feira, 3, no que é sua maior operação militar no território palestino em 20 anos. Pelo menos cinco palestinos morreram e 28 ficaram feridos, de acordo com o Ministério da Saúde palestino.
Entre 1 mil e 2 mil soldados israelenses entrou na cidade e em seu campo de refugiados adjacente após pelo menos 10 ataques de drones contra edifícios. Os militares estavam apoiados por veículos blindados e atiradores nos telhados.
Um porta-voz do presidente palestino, Mahmoud Abbas, chamou a operação de “um novo crime de guerra contra nosso povo indefeso”.
Em uma declaração conjunta, a Força de Defesa de Israel (FDI) e o serviço de inteligência doméstico, Shin Bet, informaram que atacaram um centro de comando no campo de refugiados de Jenin, supostamente usado por um grupo militante local.
A incursão é a primeira na cidade desde 2002, quando ocorreu a chamada Batalha de Jenin durante a segunda intifada. Na ocasião, mais de 50 palestinos e 23 soldados israelenses foram mortos em mais de uma semana de combates.
Os eventos desta segunda-feira elevam o número de palestinos mortos neste ano na Cisjordânia para 133. A incursão ocorre enquanto israelenses pressionam seu governo por uma resposta dura a uma série de ataques palestinos a colonos judeus – incluindo um tiroteio que matou quatro pessoas na semana passada.
A operação gerou protestos durante a noite em toda a Cisjordânia, inclusive em um posto de controle perto da cidade de Ramallah, no qual um palestino morreu após ser baleado na cabeça pelo exército israelense. Os sistemas de defesa aérea de Israel foram colocados em alerta para possíveis disparos de foguetes de retaliação vindos da Faixa de Gaza.
Um porta-voz da FDI disse nesta segunda-feira que a operação seria focada e deve durar entre um e três dias, e que Israel não pretendia se manter no território.
Ainda não está claro se as facções palestinas vão responder aos ataques de forma ampla, atraindo militantes na Faixa de Gaza, o enclave controlado pelo grupo islâmico Hamas. Em declaração, o grupo Jihad Islâmica disse: “A resistência enfrentará o inimigo e defenderá o povo palestino e todas as opções estão abertas para atacar o inimigo e responder à sua agressão a Jenin”.
O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, disse que suas forças estavam “monitorando de perto a conduta de nossos inimigos”.
O campo de refugiados nos arredores de Jenin, no norte da Cisjordânia, foi montado na década de 1950. Cerca de 11 mil pessoas vivem na área, que os palestinos veem como centro da resistência e os israelenses, como terrorismo. Centenas de combatentes de grupos militantes, incluindo o Hamas, a Jihad Islâmica e o Fatah, estão baseados lá. A Autoridade Palestina quase não tem presença no campo.