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Colômbia encerra diálogo e pede prisão de líderes do ELN após atentado

O ataque com um carro-bomba em uma academia de polícia deixou 21 mortos e 68 feridos

Por Estadão Conteúdo
19 jan 2019, 13h16

O governo da Colômbia pôs fim às negociações de paz e ordenou nesta sexta-feira 18 a prisão de todos os líderes da guerrilha de extrema-esquerda Exército de Libertação Nacional (ELN), responsável pelo maior atentado terrorista na Colômbia desde 2003, ocorrido na quinta-feira, em Bogotá. O ataque com um carro-bomba em uma academia de polícia deixou 21 mortos e 68 feridos.

Em pronunciamento à nação, o presidente da Colômbia, Iván Duque, disse que o ELN é uma “máquina de criminalidade e de sequestros” e precisa ser parado. “Basta, senhores, basta do ELN! A Colômbia diz que basta! Ordenei o fim da suspensão dos mandados de prisão para os dez integrantes do ELN que faziam parte da mesa de diálogos de paz, e determinei a captura e prisão imediata de seus líderes”, disse.

Duque também determinou a reativação das ordens de prisão internacionais contra os líderes do ELN. “Não há nenhuma ideologia ou causa para justificar a brutalidade de ontem contra jovens colombianos”, disse. “Se quer mesmo a paz, o ELN precisa mostrar ao país feitos concretos: a libertação de todos os sequestrados e o fim imediato dos atos terroristas.”

“Esta decisão trará consequências ao país. Sabemos disso. Na Colômbia, a luta contra o terrorismo nunca foi fácil. Mas não vamos ceder ao terrorismo. Todos unidos contra o terrorismo”, disse Duque.

A decisão enterra de vez as negociações de paz entre o governo colombiano e a guerrilha, que estavam ocorrendo em Havana. Duque pediu ao governo cubano que prenda os líderes do ELN que estão no país para participar do processo de paz, agora encerrado. “Agradecemos a solidariedade manifestada pelo governo de Cuba e pedimos a eles que efetivem as capturas dos terroristas que estão em seu território e os entreguem às autoridades policiais colombianas”, disse Duque.

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O ELN iniciou conversas de paz com o governo anterior, de Juan Manuel Santos. Apesar das negociações, o grupo não deixou de promover ataques. O grupo mantém ao menos 17 pessoas em cativeiro.

Na madrugada de sexta-feira, a polícia prendeu um homem suspeito de envolvimento no caso. Ricardo Carvajal foi localizado no bairro Los Laches. Segundo Martínez, interceptações telefônicas revelaram a participação do homem no atentado. Carvajal confessou e será indiciado por homicídio e terrorismo.

Ele ajudou José Aldemar Rojas Rodríguez, conhecido nas fileiras do ELN como “Mocho” ou “Kiko”, a planejar o ataque ao longo de dez meses, afirmaram as autoridades. Rojas era chefe de inteligência na Frente Domingo Laín, que opera no Departamento de Arauca, na fronteira com a Venezuela.

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Nascido em 1962, ele se juntou à organização insurgente 25 anos atrás. Em 2003, se tornou um perito de explosivos da ELN, segundo os militares. Rojas morava n a aldeia de Boja de Cubará, área limítrofe com Arauca, na fronteira venezuelana, onde a presença do ELN é muito forte. Documentos obtidos pelo jornal colombiano El Tiempo apontam que o autor do atentado se movimentava por vários municípios de Boyacá e Tolima. O governo colombiano disse que não suspeitava de envolvimento da Venezuela.

Nesta sexta, o Ministério da Defesa confirmou que Rojas tentou se aproveitar dos benefícios do processo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), em 2015. Ele tentou ingressar na organização três vezes para se beneficiar da anistia, mas continuou no ELN, que tem várias células urbanas e faz parte da lista de grupos terroristas dos EUA e da União Europeia.

Condolências

O presidente Jair Bolsonaro telefonou para o presidente colombiano e transmitiu solidariedade ao país após o atentado a uma academia de polícia em Bogotá.

Antes, em vídeo gravado ao lado do chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, Bolsonaro disse que gostaria “que o grupo depusesse suas armas e colocasse em liberdade os incontáveis sequestrados que tem em seu poder”. Bolsonaro declarou também que a Venezuela não deveria dar guarida e proteção a “terroristas” da guerrilha colombiana.

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