A vitória de Donald Trump na eleição presidencial de 2024 pode ser atribuída a uma série de fatores. Sua forte postura em temas econômicos e de segurança nas fronteiras atraiu eleitores preocupados com imigração e economia, temas centrais em sua campanha.
Além disso, ele mobilizou sua base conservadora com promessas de política externa restritiva e revisão de regulamentações internas, aspectos que ressoaram em eleitores insatisfeitos com a administração de Joe Biden.
A presença de um candidato independente, Jill Stein, também dividiu votos entre os democratas, favorecendo a margem de Trump nos estados decisivos. Veja abaixo cinco conclusões sobre a histórica eleição americana.
Latinos foram fundamentais para Trump
Talvez essa seja a principal movimentação eleitoral desta eleição. Os eleitores latinos mudaram para Trump em impressionantes 25 pontos percentuais em comparação com quatro anos atrás.
Trump ganhou o apoio de 45% dos eleitores latinos nacionalmente, em comparação com 53% para Harris, segundo pesquisa realizada pela rede de TV NBC News.
É um resultado muito superior com relação a 2020, quando teve 32%, contra 65% de Joe Biden. E pode acabar sendo o desempenho mais forte do Partido Republicano entre os latinos em uma corrida presidencial desde George W. Bush, que conquistou 44% em 2004.
Nacionalmente, os latinos representaram 12% do eleitorado, e os ganhos de Trump estão aumentando suas margens em uma série de swing states, incluindo Pensilvânia e Arizona.
Os ganhos de Trump foram alimentados por uma mudança massiva entre os homens latinos, que o apoiaram em vez de Harris por 10 pontos percentuais.
Essas oscilações forçarão um acerto de contas entre os democratas sobre o motivo pelo qual estão perdendo apoio nesse grupo demográfico de rápido crescimento. Os membros do partido estavam se preparando para algumas perdas com os eleitores hispânicos, mas não no nível que sofreram na terça-feira.
Harris ganha entre mulheres brancas e com diplomas universitários
A eleição mostrou sinais de realinhamento racial. Os republicanos ganharam entre os eleitores não brancos, enquanto os democratas ganharam alguns pontos entre os eleitores brancos, principalmente as mulheres.
Trump ganhou entre as mulheres brancas por 11 pontos em 2020. Mas Kamala reduziu a diferença para 5 pontos. Biden venceu Trump por 9 pontos entre mulheres brancas com diplomas universitários há quatro anos.
Harris expandiu essa vantagem para 20 pontos, sem dúvida seu triunfo demográfico mais significativo entre um segmento que historicamente tem tendência republicana.
A divisão educacional também cresceu no geral. Harris ganhou alguns pontos entre os graduados universitários, enquanto Trump conquistou alguns pontos entre os eleitores sem diploma.
E a divisão geracional diminuiu um pouco. Trump ganhou entre os homens com menos de 30 anos, com 47%, em comparação com 49% para Harris.
O aborto teve papel importante
A questão do direito ao aborto e a reação à anulação desse direito na Suprema Corte ajudaram Harris. Pesquisa de boca de urna da NBC News descobriu que o aborto foi classificado como a terceira questão mais importante para os eleitores, e Harris venceu aqueles que o citaram por 52 pontos.
Mas o aborto não foi a questão definidora, com a economia e a democracia encabeçando a lista de preocupações. Trump venceu facilmente aqueles que citaram a economia como sua principal motivação, enquanto Harris venceu confortavelmente aqueles que disseram priorizar o estado da democracia.
Aposta errada no Senado
Os democratas apostaram que seus candidatos seriam capazes de se eleger em territórios tipicamente republicanos. E gastaram milhões de dólares em campanha para isso. Mas a expectativa não se cumpriu.
Os republicanos viraram as cadeiras mantidas pelos democratas na Virginia Ocidental e em Ohio, chegando assim à maioria no Senado.
O resultado dará vantagem aos republicanos quando definirem a agenda sobre as pautas de 2025. Isso inclui os cortes de impostos prometidos por Trump, o destino do sistema de saúde pública apelidado de Obamacare, a extensão do teto da dívida e uma nova rodada de financiamento governamental.
A batalha pela Câmara pode demorar
Os resultados da corrida pelo controle da Câmara não devem ser conhecidos imediatamente. O motivo é que a luta pela maioria está acontecendo em um campo de batalha diferente daquele pela Casa Branca e pelo Senado.
Os distritos competitivos da Câmara estão nos subúrbios desproporcionalmente brancos e bem-educados, onde os democratas têm mantido sua posição.
A maioria da Câmara provavelmente será decidida por disputas em estados azuis — mais notavelmente Nova York, onde os democratas estão prestes a ganhar, e a Califórnia, onde os republicanos estão defendendo cinco cadeiras em território democrata.