A China anunciou nesta sexta-feira, 5, que interromperia a cooperação com os Estados Unidos em uma série de questões críticas, desde medidas para combater as mudanças climáticas até a colaboração entre seus militares. As medidas foram tomadas após a visita da presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan, mesmo com avisos contrários de Pequim.
Entre as interações canceladas, além de diálogos sobre o clima e trocas entre líderes militares, está o fim da reunião de trabalho dos ministérios de Defesa chinês e americano, assim como o mecanismo de consulta sobre segurança militar marítima entre os dois países.
Enquanto isso, Pequim continua realizando exercícios militares em torno de toda a ilha de Taiwan. Os exercícios forçaram várias embarcações a redirecionar seus trajetos, causando interrupções nas economias regionais – e globais. Em média, 240 navios comerciais passaram pelas zonas marítimas todos os dias na semana passada, de acordo com dados da Lloyd’s List Intelligence.
Os Estados Unidos condenaram o lançamento de mísseis balísticos da China em torno de Taiwan durante exercícios de tiro como uma “reação exagerada”, já que vários navios e aviões chineses cruzaram novamente a linha mediana, fronteira não oficial no estreito.
Nesta sexta-feira, o Ministério da Defesa de Taiwan anunciou que vários navios e aviões do Exército de Libertação Popular da China cruzaram a linha mediana durante a manhã. A pasta disse que despachou aeronaves e navios e implantou sistemas de mísseis terrestres para monitorar a situação.
“Aderindo ao princípio de se preparar para a guerra e não buscar a guerra, o exército nacional trabalhará em conjunto para defender firmemente a soberania e a segurança nacional”, afirmou a pasta nesta sexta-feira.
As demonstrações agressivas de poder do Exército de Libertação Popular da China começaram na quinta-feira 4 e devem ocorrer até sábado.
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Centenas de embarcações da força aérea e da marinha do exército estão envolvidas nos exercícios em seis zonas ao redor da ilha. Pelo menos 11 mísseis balísticos Dongfeng foram disparados perto ou sobre Taiwan na quinta-feira, enquanto dezenas de aviões de guerra e navios cruzaram o estreito de Taiwan, uma das rotas de transporte mais movimentadas do mundo.
Mais cedo, a China também anunciou sanções contra a própria Nancy Pelosi e seus familiares diretos, após chamar a visita da deputada de uma “ação cruel e provocativa”.
“Pelosi insiste em sair de Taiwan sorrateiramente, interfere seriamente nos assuntos internos da China, mina seriamente a soberania e a integridade territorial da China, atropela seriamente o princípio de ‘Uma Só China’ e ameaça seriamente a paz e a estabilidade no estreito de Taiwan”, afirmou o governo chinês.
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O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse nesta sexta-feira que a reação da China foi “flagrantemente provocativa”. Blinken, falando na Cúpula do Leste Asiático no Camboja, disse que a China tentou intimidar não apenas Taiwan, mas também os vizinhos.
O primeiro-ministro do Japão também pediu a suspensão imediata dos exercícios depois que seu governo disse que pelo menos cinco mísseis caíram em sua zona econômica exclusiva.