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China encerra saga Chen Guangcheng com partida do ativista aos EUA

Por Da Redação
19 Maio 2012, 10h06

María Esther Chia.

Pequim, 19 mai (EFE).- O ativista chinês Chen Guangcheng partiu neste sábado de Pequim junto com sua família rumo a Nova York, pouco mais de quatro semanas após fugir da prisão domiciliar em que se encontrava e dar início a uma sequência de preocupações e atritos diplomáticos entre as duas superpotências do mundo.

O dissidente partiu aos Estados Unidos junto a sua esposa Yuan Weijing e seus dois filhos (uma filha e um filho), e na companhia de oficiais americanos, em um voo da companhia United Airlines às 17h47 locais (6h47 de Brasília), quase quatro horas depois do esperado, segundo fontes aeroportuárias às quais a Agência Efe teve acesso.

Antes da viagem, Chen passou algumas horas no aeroporto à espera de passaporte e do voo. Mais cedo, o jornal ‘South China Morning Post’ havia divulgado uma declaração do ativista dada por telefone: ‘Estou no aeroporto. Não tenho passaporte. Não sei quando sairei. Acho que vou para Nova York’.

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Durante essas horas de incerteza, no aeroporto da capital chinesa, a Efe pôde observar a presença de policiais e oficiais do Ministério das Relações Exteriores da China, como uma confirmação de que Chen poderia deixar a China, finalizando assim uma longa história de fuga do dissidente, que escapou da prisão domiciliar em que estava e chegou a se abrigar durante dias na embaixada dos EUA em Pequim.

Em comunicado divulgado neste sábado, o líder da ONG ChinaAid, Bob Fu, se mostra satisfeita com a causa: ‘ChinaAid e a família de Chen estão profundamente agradecidos pela ajuda incansável da comunidade internacional, incluindo os esforços da embaixada dos Estados Unidos e do Congresso americano’.

‘Chen também quer agradecer ao governo chinês porque cumpriu uma de suas promessas ao permitir que ele e sua família partissem’, acrescentou Bob.

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Chen foi visitado no último dia 16 no hospital de Chaoyang (arredores de Pequim) – onde estava internado – por funcionários do Escritório de Segurança Pública de sua província, Shandong, que lhe levaram os formulários para que tanto ele como seus familiares mais próximos solicitassem os passaportes.

Esse primeiro passo dado pelo regime comunista para permitir a viagem de Chen ocorreu um dia após os Estados Unidos anunciarem que já tinham prontos os vistos do ativista e de sua família.

Chen, que conseguiu escapar da prisão domiciliar em que vivia há um ano e meio na cidade de Nanquim, na noite de 21 de abril, chegou a Pequim com a ajuda de amigos ativistas para se abrigar durante seis dias na embaixada dos EUA em Pequim.

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Durante sua fuga a Pequim, na qual tropeçou e chegou a cair mais de 200 vezes por ser cego, o ativista quebrou uma perna. ‘Estão tratando minha perna, por isso não posso sair da cama, mas o problema está basicamente controlado’, relatou o ativista à Efe há algumas semanas, do quarto onde estava internado no hospital de Chaoyang.

O confronto entre Chen e o regime chinês começou em 2005, quando o advogado divulgou e criticou programas de abortos e esterilizações forçadas praticados pelas autoridades chinesas contra camponeses em sua província, medidas integrantes da ‘política de filho único’ vigente no país.

Seu caso provocou um conflito diplomático entre Pequim e Washington, que só se resolveu com um acordo bilateral obtido pela secretária de Estado americana, Hilary Clinton, durante sua visita ao gigante asiático no início de maio para a 4ª rodada do Diálogo Estratégico e Econômico China-EUA.

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Desde 15 de dezembro passado, o caso Chen ganhou especial dimensão internacional quando o ator americano Christian Bala tentou visitá-lo sem sucesso ajudado por uma equipe da rede de televisão ‘CNN’.

No entanto, enquanto o advogado segue viagem a caminho dos EUA, parentes como seu irmão mais velho, Chen Guangfu, e seu sobrinho Chen Kegui continuam sofrendo as represálias por sua escapada.

Nesta semana, a organização de direitos humanos China Human Rights Defenders (CHRD), fez uma denúncia de que Chen Guangfu foi submetido a horas de tortura após ser detido na noite em que seu irmão escapou da prisão domiciliar.

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E Chen Kegui (filho de Chen Guangfu) continua detido por tentativa de homicídio, porque, segundo ele mesmo explicou, saiu de casa com uma faca ‘para se defender’ na noite em que se soube que seu tio não estava em casa.

Após a partida de Chen Guangcheng, a sorte de seu irmão e sobrinho continuam incertas. Seus advogados disseram que ainda não têm permissão para vê-los e outros que tentaram defendê-los na Justiça denunciaram ter recebido ameaças.

A viagem de Chen lembra outro famoso caso na China, o de Fang Lizhi, um dos líderes dos protestos da Praça da Paz Celestial em 1989 (falecido em 6 de abril passado nos EUA). Um dia após o massacre de 4 de junho daquele ano, entrou na embaixada americana para solicitar asilo e viveu nela durante 12 meses e 10 dias.

Por fim, em 1990, Fang e sua esposa foram autorizados a sair da China, em um avião da força aérea americana, após negociações entre o então líder máximo chinês Deng Xiaoping e o ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger, enviado especial do então presidente George Bush. EFE

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