China e Belarus realizaram nesta segunda-feira, 8, exercícios militares conjuntos a poucos quilômetros da fronteira com a Polônia, país pertencente à União Europeia (UE) e à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), principal aliança militar ocidental. As tropas do Exército de Libertação Popular da China chegaram a Belarus ainda neste final de semana, para treinamentos que durarão 11 dias, a partir desta segunda-feira.
A notícia foi recebida com maus olhos pela Otan e pela UE, que acusam Belarus de enviar requerentes de asilo de países terceiros para suas fronteiras. Acredita-se, além disso, que o treinamento é uma forma de provocação à cúpula do 75º aniversário da Otan, que será realizada nesta semana em Washington, capital dos Estados Unidos, e à visita do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, à Polônia nesta segunda-feira.
Segundo o Ministério da Defesa da China, os exercícios realizados na cidade de Brest incluem “operações de resgate de reféns e missões antiterrorismo” e têm como objetivo “melhorar os níveis de treinamento e as capacidades de coordenação das tropas participantes, bem como aprofundar a cooperação prática entre os exércitos dos dois países”.
A escolha por sediar o treinamento Brest é polêmica não só pela proximidade com Varsóvia, a cerca de 209 quilômetros, mas também pela pequena distância da fronteira de Belarus com a Ucrânia, de apenas 64 quilômetros. Frente à guerra na Ucrânia, Belarus tornou-se um dos principais aliados da Rússia, tendo funcionado como uma plataforma de lançamento para o início da invasão russa ao país vizinho, em fevereiro de 2022. Na ocasião, soldados de ambos os países estavam reunidos na fronteira ucraniana para supostos exercícios militares conjuntos.
O fortalecimento dos laços Minsk-Pequim apresentam, então, denominadores comuns: a aproximação com a Rússia e o desejo de conter o avanço ocidental na região. Durante a cúpula anual dos líderes da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), no Cazaquistão, na última quinta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente chinês, Xi Jinping, pediram que os países da região da Eurásia estabeleçam uma cooperação mais estreita nos tópicos de segurança, política e economia para resistir à “verdadeira ameaça da mentalidade de Guerra Fria” do Ocidente.
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Rússia e Belarus
No início de junho, o Ministério da Defesa da Rússia anunciou o início da segunda fase de exercícios nucleares táticos, com parceria de soldados bielorrussos. Moscou afirmou que o treinamento visava proteger o país de uma potencial ameaça do Ocidente, alegando que os Estados Unidos e os seus aliados europeus “empurraram o mundo para a beira de um confronto entre potências nucleares” após permitirem que a Ucrânia utilize armas ocidentais contra alvos dentro do território russo.
“A situação no continente europeu é bastante tensa, provocada todos os dias por novas decisões e ações de capitais europeias hostis à Rússia e, sobretudo, de Washington”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, na ocasião.