China é acusada de acessar dados de TikTok de manifestantes em Hong Kong
Em processo, ex-executivo da empresa de tecnologia cita monitoramento de Partido Comunista chinês a ativistas
Um ex-executivo da empresa de tecnologia que é dona do TikTok, a chinesa Bytedance, acusou nesta quarta-feira, 7, o Partido Comunista chinês de acessar através do aplicativo dados de manifestantes e ativistas de direitos civis em Hong Kong.
A alegação feita por Yintao Yu, ex-chefe de engenharia da operação da Bytedance nos Estados Unidos, é parte de uma ação legal apresentada por ele na Califórnia por demissão injustificada, relatada pelo Wall Street Journal. No processo, Yu afirma que o Partido Comunista acessou comunições de usuários do TikTok e monitorou usuários em Hong Kong que publicaram conteúdos ligados a protestos. Ele também afirma que a Bytedance, sediada em Pequim, também mantinha “portas dos fundos” para que o Partido Comunista acessasse dados de usuários dos Estados Unidos.
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No processo, Yu também diz que membros de um comitê do partido tiveram acesso a uma credencial de “superusuário”, também chamada de “credencial de Deus”. Com a autorização, eles tinham acesso a todos os dados coletados pela empresa. Quando o ex-funcionário ainda estava na companhia chinesa, entre agosto de 2017 e novembro de 2018, o TikTok armazenou as mensagens diretas dos usuários, históricos de pesquisa e conteúdo visualizado pelos usuários.
Em resposta, um porta-voz da Bytedance afirmou que todas as acusações feitas pelo ex-funcionário não têm fundamento.
“Yu trabalhou para a ByteDance Inc. por menos de um ano e seu emprego terminou em julho de 2018. Durante seu breve período na empresa, ele trabalhou em um aplicativo chamado Flipagram, que foi descontinuado anos atrás por motivos comerciais”, comentou o porta-voz.
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O caso se dá em meio ao intenso escrutínio de autoridades americanas em relação ao aplicativo de compartilhamento de vídeos. Os Estados Unidos acreditam que dados coletados pelo TikTok podem ser enviados para o governo chinês, que poderia usá-los contra os americanos, e chegou a ameaçar banir a rede social caso ela não se torne independente de sua empresa-mãe.
A empresa diz que gastou mais de US$ 1,5 bilhão em esforços de segurança de dados como parte do acordo apelidado de “Projeto Texas”, que vai encaminhar as informações coletadas pelo TikTok nos EUA para um servidor em solo americano de propriedade e manutenção da gigante do software Oracle. Esse projeto visa aliviar as preocupações dos legisladores realocando todos os dados de usuários dos EUA para centros fora da China.
Apesar do compromisso assumido, uma lei de inteligência nacional chinesa obriga que empresas locais forneçam dados ao governo em situações que afetem a integridade nacional, o que preocupa autoridades americanas.
No início de março, o Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que Washington está tentando impedir o país de se desenvolver no setor de tecnologia. Em resposta a uma pergunta sobre o TikTok, a porta-voz chinesa Mao Ning afirmou que os EUA querem consolidar sua própria hegemonia e levar o conceito de segurança nacional ao extremo.
“Quão inseguros de si mesmos podem ser os EUA, a maior superpotência do mundo, para temer tanto o aplicativo favorito de um jovem?”, afirmou a porta-voz do governo chinês.