China aperta o cerco, e Taiwan promete ‘apoio’ a Hong Kong
O Congresso do Povo, em Pequim, quer aprovar uma lei para trazer à ilegalidade movimentos pela maior autonomia e democracia em Hong Kong
Enquanto o Parlamento chinês, em sua reunião anual, debate a lei de segurança nacional que visa reprimir atos de pró-democracia em seus territórios, a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, escreveu em sua conta no Facebook que o país dará “apoio” aos manifestantes de Hong Kong. Após um hiato devido ao Covid-19, os manifestantes da ilha voltaram às ruas no domingo 24 e enfrentaram uma polícia melhor preparada para conter os protestos.
“Face às mudanças na situação, a comunidade internacional está a ajudar ativamente o povo de Hong Kong”, escreveu Tsai. “Taiwan proativamente aperfeiçoar ainda mais e seguir em frente com o apoio relevante e prover ao povo de Hong Kong toda a assistência necessária”, concluiu.
Atualmente, Taiwan é destino de perseguidos políticos no continente. A nação independente, porém, sobre constantes pressões de Pequim, que considera ter poder soberano sobre Taiwan.
Funcionários do governo de Hong Kong apoiaram a nova legislação chinesa e acusaram os manifestantes de terroristas. Nesta-segunda-feira, 25, o chefe de segurança da região semi-autônoma, John Lee, disse que o “terrorismo está crescendo na cidade, e as atividades que agridem a segurança nacional, como ‘a independência de Hong Kong’, se tornaram mais desenfreadas”. “Em apenas alguns meses, Hong Kong foi de uma das cidades mais seguras do mundo para uma cidade envolta na sombra da violência”, afirmou.
Por quase um ano, os habitantes de Hong Kong foram às ruas em protestos diários contra uma lei de extradição. Na maioria pacíficos, mas sempre terminando com bombas de gás disparada pelas autoridades. Durante meses, os manifestantes aperfeiçoaram suas táticas e empregaram até o uso de catapultas. A força dos protestos culminou no arquivamento da legislação.
Mas a Covid-19 deu ao governo de Hong Kong, alinhado a Pequim, o tempo necessário organizar suas forças de segurança. No domingo, quando milhares foram às ruas, a primeira granada de gás voou após 25 minutos de aglomeração no distrito comercial Causeway Bay.
Carrie Lam, a chefe do Executivo do território, deu a deixa para os policias agirem com mais brutalidade do que em 2019. Na última semana, Lam anunciou que nenhum agente de segurança seria investigado por abuso de poder e acusou os manifestantes de causarem a violência, apesar de vídeos terem viralizado na internet mostrando o contrário.
A nova lei proposta pelo Congresso Nacional do Povo (CNP), tem como objetivo “prevenir, prender e punir legalmente” movimentos pró-democracia e em favor da plena autonomia ou separação de territórios chineses, segundo o vice-presidente do Comitê Permanente do CNP, Wang Chen.
O artigo 23 da Lei Básica de Hong Kong, o que seria a Constituição de Hong Kong, prevê que a cidade deve aprovar uma lei que proíba a “traição, secessão, sedição e subversão” contra o governo central em Pequim. A legislação, porém, nunca foi implementada. Com a aprovação do CNP, a prerrogativa sai do Executivo de Hong Kong e passa a ser da China Continental.
O Reino Unido, que cedeu o território à China no final da década de 1990 com um acordo que prevê a autonomia até 2047, afirmou que “ao levar essa lei a Hong Kong sem a participação direta da população, do Executivo ou do Judiciário é uma violação do sistema de ‘um País, dois sistemas’, que garante a autonomia de Hong Kong”.
Lam, porém, declarou na sexta-feira 22 estar pronta para “cooperar totalmente” com Pequim e “completar a legislação o mais rápido poss��vel”.