A China acusou nesta quarta-feira, 13, os Estados Unidos de politizar políticas sanitárias chinesas, depois que a Casa Branca ordenou que seus funcionários deixassem o consulado de Xangai por conta do lockdown contra a Covid-19.
Na segunda-feira, o Departamento de Estado americano comandou a saída de funcionários e suas famílias da cidade de 25 milhões de habitantes, devido a um aumento nos casos de Covid-19 e “ao impacto das restrições relacionadas à resposta da China contra a pandemia”, segundo comunicado.
Uma recomendação contra viagens à China também insta os americanos a “reconsiderar” planos, citando restrições rigorosas como “o risco de pais e filhos serem separados” – houve relatos de famílias que foram separadas devido à infecção de crianças, para prevenir o contágio dos pais.
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A cidade mais populosa da China está sob um bloqueio total há semanas. Muitos estão com dificuldade para acessar itens básicos, como alimentos e cuidados médicos.
O Ministério das Relações Exteriores da China notificou os Estados Unidos que “se opõe firmemente” à ordem do consulado, disse o porta-voz do ministério Zhao Lijian.
“Expressamos forte insatisfação com a politização das evacuações dos Estados Unidos”, disse Zhao, acrescentando que isso está “manchando a imagem China”. Ele também defendeu as políticas sanitárias do país, afirmando que são baseadas na ciência.
Xangai registrou mais de 26.000 novos casos na segunda-feira 11, o sexto dia consecutivo que o número ultrapassou 20.000, de acordo com a Comissão Nacional de Saúde da China. Até agora, mais de 320.000 casos foram relatados em 31 províncias – incluindo as de Xangai – desde 1º de março.
Algumas autoridades chinesas, como o vice-diretor da Comissão Nacional de Saúde, Lei Zhenglong, disseram que o surto de Xangai “não foi efetivamente contido”. Na semana passada, o surto de Xangai se espalhou para cidades próximas, incluindo Hangzhou e Ningbo, na província de Zhejiang. Algumas cidades próximas foram isoladas, incluindo Haining, em Zhejiang, e Kunshan, na província de Jiangsu.
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Críticas locais
Desde que foi introduzido, em 29 de março, o lockdown em Xangai está cercado de controvérsias. O descontentamento público foi exacerbado pela separação de pais e filhos. Também houve relatos de um cachorro de estimação que foi morto por funcionários sanitários depois que seu dono foi infectado pelo coronavírus e entrou em quarentena.
Na semana passada, Xangai teve protestos contra as restrições. Vídeos postados em redes sociais mostram a população pedindo por suprimentos e remédios. Desde o início da pandemia, a China endureceu as regras de venda e compra de medicamentos para febre, exigindo receita médica e teste com resultado negativo para a Covid-19.
Na segunda-feira 11, as autoridades de Xangai começaram a flexibilizar as medidas de restrição em bairros que não relataram nenhum caso positivo em 14 dias. No entanto, os moradores só podem sair para necessidades básicas. Também é obrigatório fazer testes duas vezes por semana e lockdown total será reinstaurado se novos casos forem detectados nesses bairro..
A grande maioria dos 25 milhões de habitantes da cidade ainda está sob lockdown.