Chefe de segurança de María Corina, líder da oposição venezuelana, é preso
Milciades Ávila, que trabalhava há 10 anos com a rival de Nicolás Maduro, foi preso em sua casa menos de duas semanas antes das eleições presidenciais
Milciades Ávila, chefe de segurança da líder da frente de oposição venezuelana, María Corina Machado, foi preso na madrugada desta quarta-feira, 17, em sua casa, informou o movimento político Vem Venezuela na plataforma X, antigo Twitter. Sua detenção ocorre a menos de duas semanas das eleições do dia 28 de julho, na qual o diplomata Edmundo González concorre contra o atual presidente do país, Nicolás Maduro, que busca um terceiro mandato.
González substituiu María Corina nas urnas depois que ela foi impedida de concorrer pelo Supremo devido a supostas violações de fraude, alegações que ela nega. Embora tenha sido banida do pleito eleitoral, a oponente de Maduro continua sendo o principal rosto da campanha da oposição. Ela responsabilizou o atual líder venezuelano pela “integridade física” de Ávila e das outras 24 pessoas de sua equipe que “foram sequestradas” e são “prisioneiras da tirania”. Segundo María Corina, o chefe de segurança, que trabalha com ela há 10 anos, “arriscou sua vida” para protegê-la.
“Há dezenas de depoimentos e vídeos que demonstram que esse ato foi uma provocação planejada para ficarmos sem proteção 11 dias antes de 28 de julho”, escreveu ela no X. “Estou alertando o mundo sobre a escalada de repressão de Maduro contra aqueles que trabalham na campanha ou nos ajudam em qualquer parte do país”, acrescentou.
Milciades Ávila es parte de nuestro equipo desde hace 10 años, y hoy es el jefe de nuestra unidad de protección. Previamente tuvo una destacada trayectoria en la policía.
Ávila me ha acompañado alrededor de todo el país y ha arriesgado su vida para defenderme.Esta madrugada fue… pic.twitter.com/hhkWJAGX2M
— María Corina Machado (@MariaCorinaYA) July 17, 2024
Repressão política
Desde que a corrida eleitoral começou na Venezuela, a oposição ao atual regime tem denunciado repetidamente prisões e outras repressões das autoridades que prejudicam a campanha e podem impedir uma eleição justa. Uma série de detenções arbitrárias e banimento de políticos da oposição foram registradas – um relatório da organização não governamental Acesso à Justiça afirmou que, em junho, houve 46 detenções, a maioria de opositores a Maduro.
No início de julho, o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, acusou Maduro de aumentar o assédio contra opositores. Segundo a ONG Foro Penal, 102 pessoas foram detidas desde o início da campanha eleitoral. Atualmente, seis anigos membros da campanha de Machado estão hospedados na casa do embaixador argentino na Venezuela em busca de asilo político.
Oposição ganhando espaço
Apesar das inúmeras represálias de Caracas, o candidato oficial da oposição, González, tem despontado como líder inconteste nas pesquisas eleitorais. De acordo com uma nova pesquisa da ORC Consultores, ele tem 59,6% das intenções de voto, contra 12,5% de Maduro – uma diferença de 47,1%. No último levantamento da mesma empresa, a vantagem era de 44,4 pontos percentuais.
Apesar disso, o regime de Maduro controla tanto o sistema judiciário como o eleitoral. Alguns observadores foram convidados para fiscalizar a validade das eleições, mas ainda não está certo se os resultados serão confiáveis – ou, mesmo se forem, se o governo irá respeitá-los.