Ex-chanceler e assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Celso Amorim irá se reunir nesta quarta-feira, 10, com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em Kiev. O objetivo do encontro, segundo o Planalto, é que o brasileiro ouça de Zelensky “quais são as principais exigências do governo ucraniano para dar início a negociações de paz”, enquanto ao mesmo tempo reforce “a intenção do governo brasileiro de facilitar processos que estabeleçam negociações pela paz na região” abalada pelo conflito com a Rússia, que segue desde fevereiro do ano passado.
A reunião foi confirmada no final de semana pelo presidente Lula durante viagem a Londres.
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“O Celso Amorim foi conversar com Putin, como meu emissário especial, e vai agora conversar com a Ucrânia”, disse o petista. “Aí a gente vai juntando essas conversas — é que nem palavra cruzada, vai juntando essas conversas e vamos ver quais são as palavras que permitem que as pessoas se sentem em torno de uma mesa. E para isso, tem que parar de atirar. Esse é o meu dilema”.
Em abril, Amorim viajou à Rússia para um encontro com o presidente Vladimir Putin, que enviou seu chanceler, Sergei Lavrov, a Brasília pouco depois. Após reunião com o ministro Mauro Vieira, Lavrov afirmou que Brasil e Rússia têm “visões únicas” em relação ao que acontece no Leste Europeu.
“As visões de Brasil e Rússia são únicas em relação aos acontecimentos na Rússia. Também estamos atingindo uma ordem mundial mais justa, mais correta e baseada no direito. Nisso, nós temos uma visão de mundo multipolar, onde estamos levando em consideração vários países, não só poucos”, disse Lavrov.
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Embora o Brasil tenha votado para condenar a invasão russa nas Nações Unidas em março, Lula sempre foi ambivalente sobre o conflito. Recentemente, ele sugeriu que a Ucrânia deveria considerar abrir mão da Crimeia para concretizar um acordo de paz e, em uma coletiva de imprensa no sábado 15, disse que os Estados Unidos e a Europa prolongam e encorajam a guerra na Ucrânia.
No Brasil, a abordagem da guerra na Ucrânia é vista como parte de uma longa tradição de neutralidade da política externa. Em um mundo altamente polarizado e muito diferente do que era nos dois primeiros mandatos de Lula, contudo, ser imparcial tem um preço cada vez mais alto.