Casa Branca estima que até 250.000 americanos vão morrer por coronavírus
Sem as medidas de distanciamento social, a cifra poderia ultrapassar os 2,2 milhões de pessoas, segundo especialistas do governo dos EUA
Ao lado do presidente americano, Donald Trump, os cientistas Anthony Fauci, especialista em doenças infecciosas, e Deborah Birx, que coordena as ações do governo na crise, estimaram nesta quarta-feira, 1, que de 100.000 a 250.000 americanos vão morrer devido à pandemia de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. O cenário apresentado, contudo, é o mais otimista. Sem as medidas de distanciamento social adotadas pelos governos estaduais, a contagem final dos mortos poderia ultrapassar os 2,2 milhões de pessoas.
Para se chegar às conclusões do estudo, os pesquisadores realizaram a análise de casos nos Estados Unidos e os compararam com estudos realizados por outros países. “Esse é o nosso número real”, disse Fauci.
“Eu quero que cada americano esteja preparado para os duros dias que estão à nossa frente”, disse Trump. O presidente americano mudou seu discurso após ter minimizado a letalidade do entre fevereiro e o início de março.
No entanto, os Estados Unidos se transformaram no novo epicentro da pandemia ultrapassando a China e a Itália em número de casos. Nesta quarta, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) disse que somente em território americano há 186.101 casos confirmados e 3.603 mortos. Agora, Trump diz que o vírus é o “maior desafio nacional” e algo “diferente de tudo que já enfrentamos antes”.
“É uma questão de vida ou morte, para ser franco”, afirmou o presidente. “É uma questão de vida ou morte”, repetiu.
Críticas dos governadores à Casa Branca
Em meio à pandemia, governadores estaduais tomaram à frente no combate à Covid-19. Em Nova York, onde há o maior número de casos e mortes no país, o democrata Andrew Cuomo se tornou alvo constante de críticas de Trump. Na terça-feira 31, Cuomo disse que o estado tem muitas dificuldades em comprar novos ventiladores artificiais, e que se sentia competindo com os demais estados pelo equipamento.
“Quer Saber? Ele (Cuomo) já tem muitos ventiladores”, respondeu Trump. “O problema é que para algumas pessoas, não importa o quanto você dê, nunca é suficiente”.
“Estamos por nossa conta”, disse o governador de Connecticut, Ned Lamont, ao se referir ao fim dos estoques de suprimentos médicos, que classificou como uma situação “perturbadora”. Junto de Lamont, governadores filiados tanto ao Partido Democrata quanto Republicano contestaram a afirmação da Casa Branca de que há equipamentos suficientes para lidar com o vírus.
Larry Hogan, governador republicano de Marryland, disse que a luta contra o coronavírus no estado estava “às cegas” porque o governo não possui exames para coronavírus suficientes. Ao ser questionado em uma entrevista na emissora NPR sobre a afirmação do presidente de que a escassez de exames já não era mais um problema nos Estados Unidos, Hogan disse que a fala de Trump “não é verdadeira”.
Paralelamente, Hogan e a governadora democrata de Michigan, Gretchen Whitmer, escreveram, juntos, uma carta aberta ao presidente Trump no jornal The Washington Post, no qual cobravam um esforço maior do governo em enviar novos exames e ventiladores artificias para os estados. “O coronavírus não distingue entre estados azuis (democratas) ou vermelhos (republicanos). E nem nós podemos”, afirmaram.
A ajuda que vem de fora
Com o avanço da epidemia, a demanda por produtos de proteção e de reagentes para a realização de testes de coronavírus começa a superar a oferta. Nos Estados Unidos não é diferente. Nesta quarta-feira, agentes do governo informaram que os estoques nacionais desses produtos estavam quase vazios. No entanto, países como a Rússia e a China, estenderam as mãos aos americanos.
Nesta quarta, a Rússia divulgou que está enviando aos Estados Unidos um carregamento de máscaras e equipamentos hospitalares. A China, por outro lado, enviou na segunda-feira 30 cerca de 80 toneladas de equipamentos, no primeiro de 22 voos programados.
A pandemia do novo coronavírus já atingiu mais de 170 países, infectando 911.308 e matando cerca de 45.497 pessoas, segundo a Universidade Johns Hopkins. No Brasil, foram contabilizadas 5.923 infecções e 206 mortes, a maioria no estado de São Paulo.