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Cartel do bem: Com Indonésia e RDC, Brasil cria Opep das florestas

Impulsionados pela eleição de Lula, os três países, que abrigam metade de todas as florestas tropicais, prometem esforços mais intensos de conservação

Por Amanda Péchy
14 nov 2022, 13h03
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  • Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo, as nações que concentram as maiores florestas tropicais do mundo, assinaram nesta segunda-feira, 14, uma aliança estratégica para coordenar a conservação de sua fauna na cúpula do G20. A ideia dos governos é formar uma “Opep das florestas”, em referência à Organização dos Países Exportadores de Petróleo, com propostas conjuntas sobre mercados de carbono.

    O acordo, assinado pelo governo do presidente em exercício, Jair Bolsonaro (PL), na verdade foi impulsionado pela eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Após quatro anos de uma gestão que cientistas caracterizam como antiambientalista, Lula recebeu uma enxurrada de propostas para evitar a destruição da Amazônia.

    Por conta do aumento do desmatamento, a floresta brasileira está cada vez mais perto do “tipping point”, ou ponto de não retorno. A Opep das florestas determina que os três países – que abrigam 52% das florestas tropicais remanescentes no mundo – coordenarão as negociações sobre clima e biodiversidade das Nações Unidas relacionadas às florestas tropicais, com foco em finanças, gestão sustentável e restauração.

    As florestas tropicais são vistas como cruciais para evitar uma catástrofe climática. A nova aliança defende que um mecanismo de pagamentos baseado em resultados para reduzir o desmatamento e manter as árvores em pé é uma prioridade nas negociações climáticas das Nações Unidas.

    Como presidente eleito, Lula disse que buscará forjar uma aliança semelhante em sua campanha, com discussões paralelas entre sua equipe e colegas na Indonésia e na RDC. Lula participará da COP27 na quarta-feira, 16, onde deverá discutir os estratégias para salvar a Amazônia e outras florestas ao redor do mundo.

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    + O que esperar da ida de Lula à COP27, a convite do Egito

    Durante seu primeiro discurso após a vitória no segundo turno, ele prometeu zerar o desmatamento na Amazônia. Além disso, o ministro do Meio Ambiente da Noruega disse que iria restabelecer o bilionário Fundo Amazônia, interrompido sob o governo Bolsonaro.

    No ano passado, a COP26 de Glasgow viu três grandes iniciativas para proteger as florestas do mundo: um compromisso de mais de 140 líderes mundiais para deter e reverter o desmatamento, a criação de um grupo de trabalho de produtores e consumidores de commodities ligados ao desmatamento e um compromisso dos principais produtores de commodities de soja, óleo de palma, cacau e gado para alinhar suas práticas de negócios, com a meta de manter o aquecimento global limitado a 1,5 ºC acima dos níveis pré-industriais.

    No entanto, dados do Global Forest Watch mostram que Brasil, RDC e Indonésia estavam entre os cinco principais países com perda de florestas primárias em 2021. As três nações somam 11,1 milhões de hectares de cobertura florestal perdidos nos trópicos no ano passado.

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