O Canadá decidiu nesta quinta-feira, 20, incluir a Guarda Revolucionária do Irã em sua lista de organizações terroristas, se juntando aos Estados Unidos na designação. Com a nova medida, a polícia tem autorização de investigar e acusar pessoas que apoiam financeiramente ou materialmente o grupo. Além disso, as instituições financeiras também serão obrigadas a congelar contas de pessoas que tenham sido publicamente identificadas como membros da divisão do Exército iraniano.
A decisão canadense ocorre em meio à campanha presidencial no Irã, convocada após a morte do presidente iraniano, Ebrahim Raisi, em um acidente de helicóptero. Em resposta à decisão, o ministro interino dos Negócios Estrangeiros do Irã, Ali Bagheri, reiterou a importância da Guarda Revolucionária na luta contra o Estado Islâmico, além de afirmar que o Canadá vai lidar com consequências.
Os EUA consideram desde 2019 a Guarda Revolucionária como um grupo terrorista. Alguns países, como o Reino Unido, têm mostrado certa resistência em fazer o mesmo movimento, apesar de pressões. O secretário dos Negócios Estrangeiros britânico, David Cameron, afirmou que tal atitude levaria ao rompimento dos laços diplomático entre Teerã e Londres. Em abril, o primeiro-ministro Rishi Sunak sofreu pressões interpartidárias para considerar a Guarda uma associação terrorista.
O ministro de Segurança Pública do Canadá, Dominic LeBlanc, não especificou o motivo da decisão, mas negou que tenha sido por pressão política.
Em dezembro, um grupo bipartidário do Congresso canadense instou o primeiro-ministro Justin Trudeau a incluir a Guarda Revolucionária na lista de grupos terrorista. De acordo com os políticos, a divisão militar iraniana teria apoiado o grupo militante palestino Hamas antes e depois do ataque a Israel em 7 de outubro.
O Canadá e o Irã não possuem relações diplomáticas desde 2010. Outro grupo iraniano, as Forças Quds, braço clandestino de inteligência estrangeira e paramilitar da Guarda Revolucionária já entrou na lista de organizações terroristas.
O país tem uma grande diáspora iraniana que é politicamente ativa. Isto é em parte pela decisão do governo canadense de fornecer visto a dissidentes que fogem do regime e que há anos pressionam as autoridades para que isso aconteça.