“Câmara não pode abrir um processo de impeachment”, diz Trump
Presidente da casa, Nancy Pelosi pede cautela a colegas democratas e alega haver outros meios para levar presidente a prestar contas
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira, 22, que o Congresso não pode abrir um processo de impeachment contra ele com base nas conclusões da investigação sobre a interferência da Rússia em sua eleição e de suas supostas tentativas de impedir a continuidade da apuração.
“Apenas crimes graves e infrações menores podem levar a um julgamento político. Eu não cometi nenhum crime (ou conluio ou obstrução), então não se pode fazer um impeachment”, declarou Trump no Twitter. “Foram os democratas que cometeram os crimes, não o seu presidente republicano! Finalmente, o jogo está virando nesta caça às bruxas”, acrescentou.
Ao ser questionado pela imprensa se ele se preocupava com a possibilidade de um julgamento político, Trump respondeu: “Nem sequer um pouquinho”.
Um resumo 400 páginas das conclusões da investigação do promotor especial Robert Mueller sobre a trama russa foi enviado pelo Departamento de Justiça ao Congresso na quinta-feira 18. O documento detalhou 12 episódios de tentativas do presidente americano de abortar a apuração para proteger a si mesmo e a seus aliados. Mas Mueller absteve-se de indiciar Trump ou recomendar o impeachment dele, segundo o jornal The New York Times.
O resumo confirma que agentes russos tentaram interferir nas eleições de 2016 para ajudar Trump a derrotar a candidata democrata Hillary Clinton, incluindo com a invasão nas contas de e-mail da ex-secretária de Estado.
Os democratas controlam a Câmara dos Deputados, mas estão divididos em relação ao julgamento político de Trump, que poderia resultar no impeachment. Comissões influentes da Câmara preferem aprofundar a investigação e pressionam para ter acesso ao relatório integral de Mueller, sem partes censuradas por motivos de segurança ou razões legais.
Entre as vozes em favor da abertura do processo contra Trump estão as das deputadas Alexandria Ocasio-Cortez, de Nova York, e Maxine Waters, da Califórnia. Mas a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, recomendou cautela a seus colegas democratas, mesmo depois de qualificar Trump como “altamente antiético” e “inescrupuloso”.
Em carta aos deputados democratas, Pelosi disse que “o Congresso não permanecerá em silêncio”. Para ela, o relatório Mueller afirma que “o Congresso tem o poder de proibir o uso corrupto de sua autoridade por um presidente para proteger o exercício da justiça”. Mas concluiu que Trump pode ser levado a prestar contas de seus atos sem a necessidade de um processo de impeachment.
“Na medida que revelarmos a verdade e apresentarmos reformas adicionais necessárias para proteger nossa democracia, nós mostraremos ao povo americano que estamos procedendo de forma livre de paixões ou preconceitos, estritamente apresentando os fatos”, argumentou ela.
Os democratas trabalham na possibilidade de convocar para a próxima semana Robert Mueller e, separadamente, o secretário de Justiça, William Barr, que também deverá se apresentar aos senadores. Nesta segunda-feira, Trump e suas empresas entraram com uma ação coletiva em um tribunal federal em Washington para tentar bloquear uma intimação emitida pelo Comitê de Supervisão e Reforma da Câmara para obter acesso a seus registros financeiros.
“O Partido Democrata, com seu novo controle da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, declarou uma guerra política total contra o presidente Donald J. Trump”, disse o documento dos advogados do presidente.
(Com AFP)