Câmara dos EUA apresenta resolução para expulsar republicano George Santos
Filho de brasileiros, o deputado americano explorou seu cargo 'de forma fraudulenta para obter lucro financeiro pessoal', concluiu comitê de ética
O presidente de ética da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Michael Guest, apresentou uma resolução nesta sexta-feira, 19, para expulsar George Santos, deputado americano filho de imigrantes brasileiros, do Congresso, um dia após a divulgação de um relatório contundente sobre os crimes cometidos pelo político.
Espera-se que os congressistas discutam a resolução no final deste mês, quando retornarem ao trabalho depois do feriado de Ação de Graças, em 23 de novembro.
No relatório, publicado na quinta-feira 16, o Comitê de Ética afirmou ter descoberto outras “condutas ilegais” por parte de Santos, além das acusações criminais já pendentes contra ele.
Santos “procurou explorar de forma fraudulenta todos os aspectos de sua candidatura à Câmara para obter lucro financeiro pessoal”, concluiu o relatório, que foi encaminhado ao Departamento de Justiça para investigações mais aprofundadas.
Após a divulgação do relatório, Santos, eleito em janeiro deste ano, anunciou que não se candidatará à reeleição. No entanto, classificou o texto do Comitê de Ética como “tendencioso”.
Anteriormente, o deputado já havia se declarado inocente de 23 acusações federais, incluindo lavagem de fundos de campanha para pagar suas despesas pessoais, recebimento ilegal de seguro-desemprego e mentiras à Câmara dos Deputados sobre seu patrimônio. Ele também teria usado cartões de crédito de doadores de campanha sem o consentimento deles e relatado um empréstimo falso para sua candidatura, de US$ 500 mil (R$ 2,4 milhões).
Santos, porém, sobreviveu a várias tentativas anteriores de expulsá-lo da Câmara.
No início de novembro, um esforço liderado pelos seus correligionários do Partido Republicano falhou. Vários congressistas expressaram preocupação em expulsar um membro da legenda durante uma batalha judicial inacabada, e portanto sem condenação criminal. Antes da votação, Santos defendeu seu direito à “presunção de inocência”.
Antes das acusações criminais, Santos já havia sido pego em uma rede de inverdades, que podem tê-lo ajudado a ser eleito. Ele admitiu ter mentido sobre sua suposta ascendência judaica, sobre ter trabalhado em dois grandes bancos de Wall Street – Goldman Sachs e Citigroup –, sobre seu diploma universitário e um suspeitíssimo histórico como estrela do voleibol.
Santos teria afirmado que havia trabalhado como modelo para a Vogue, na produção do musical Spider-Man: Turn Off The Dark na Broadway e no ramo de venda de iates, informações essas que não foram comprovadas.
Somado à longa lista de farsas, Santos informou que tinha um apartamento de US$ 1 milhão no Brasil e 13 propriedades familiares. Ele esclareceu posteriormente que vive no Queens com a irmã e que não tem posses imobiliárias. Além disso, já foi réu em um processo criminal no Tribunal do Rio de Janeiro. Filho de uma mineira e um santista que emigraram do Brasil, em 2008, ele teria utilizado um talão de cheques de um dos pacientes de sua mãe, que na época era enfermeira em Niterói, falsificado sua assinatura.