O Brics, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, confirmou nesta quinta-feira, 24, um esperado processo de expansão do bloco.
Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Argentina, Egito, Irã e Etiópia, após emitirem pedidos de adesão, entrarão no grupo como membros plenos a partir de 1º de janeiro de 2024, segundo o anúncio do presidente da África do Sul, anfitrião da 15ª cúpula do bloco, que acontece na capital do país, Joanesburgo.
Ainda não está certo se o nome do bloco, formado pelas iniciais dos atuais cinco membros, vai mudar com as novas adições.
A expansão do Brics era esperada. O tema se tornou o principal ponto de discussão da 15ª cúpula do bloco, que teve início na terça-feira 22 e termina nesta quinta-feira.
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A estratégia era publicamente liderada pela China e, em menor grau, pela Rússia. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), inicialmente favoreceu uma expansão mais gradual do grupo, com a definição de critérios para avaliar os 22 pedidos de adesão.
A posição, no entanto, foi mudando ao longo dos últimos dias. Nesta semana, o petista defendeu a entrada da vizinha e importante parceira comercial Argentina.
Segundo analistas, a iniciativa tem por objetivo diminuir o isolamento de Pequim e Moscou em relação aos Estados Unidos e à Europa. As relações dessas nações com os americanos e europeus se desgastaram devido, entre outros pontos de atrito, à guerra na Ucrânia e acusações de espionagem contra o governo chinês, que Pequim nega.
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O grupo dos emergentes, além disso, pretende se projetar como uma alternativa geopolítica à ordem mundial liderada pelos Estados Unidos, posicionando-se como uma espécie de representante do Sul Global. Em viagem à China em abril, Lula falou em “mudar a governança mundial”. A lista de candidatos à adesão evidencia o afã de capitalizar a influência econômica do Brics.
Para apoiar a expansão acelerada, negociadores brasileiros conseguiram incluir na declaração final da cúpula uma menção à pretensão de reformular o Conselho de Segurança das Nações Unidas, para que o Brasil virasse um de seus membros permanentes, uma pauta histórica da diplomacia brasileira. O tema, no entanto, é sensível para a China, que já é membro permanente e não deseja ampliar o grupo hoje composto por ela, Estados Unidos, Rússia, França e Reino Unido.
A declaração final da cúpula, no entanto, não cita explicitamente a inclusão do Brasil como membro permanente.
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“Apoiamos uma ampla reforma das Nações Unidas, incluindo o seu Conselho de Segurança, com uma visão para torná-lo mais democrático, representativo, efetivo e eficiente e para incluir a representação de países em desenvolvimento entre os membros do conselho […] e apoiamos as três legítimas aspirações de países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, incluindo Brasil, Índia e África do Sul, para desempenhar um papel maior em assuntos internacionais, nas Nações Unidas em particular, incluindo o seu Conselho de Segurança”, disse um dos parágrafos da declaração.
Críticos à expansão temem que o bloco vire um verdadeiro saco de gatos. Enquanto Egito tem PIB per capita de 3.600 dólares, segundo o Banco Mundial, por exemplo, a renda per capita brasileira é de 8.920 dólares. Já na Arábia Saudita, é 23.000 dólares, e a economia do país foi uma das que mais cresceram no mundo em 2022, com uma taxa de 7,3%.
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Os Emirados são ainda mais ricos, com PIB per capita de 44.300 dólares, enquanto a Argentina vive uma crise econômica há alguns anos com altas taxas de inflação. Em agosto deste ano, o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos da Argentina (Indec) anunciou que a inflação atingiu 113,4% no acumulado de 12 meses. O Irã também vai mal das pernas. Segundo o Banco Mundial, a renda per capita do país é de 4.900 dólares.
Já a Etiópia tem uma das taxas de crescimento econômico mais aceleradas do continente africano. Entre 2021 e 2022, a economia do país cresceu 6,4%. Apesar disso, segundo o Banco Mundial, o PIB per capita do país ainda é considerado baixo: 920,08 dólares. É o menor valor entre os membros do Brics.
Fora isso, críticos alertam que o estado da democracia no Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã vai mal. De acordo com a organização não governamental Freedom House, que avalia o nível de liberdade de dezenas de países no mundo inteiro, todos são considerados nações “não livres”.