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Brasileiros passaram 15 dias presos na fronteira dos EUA, diz jornal

Segundo 'The Washington Post', famílias ficaram detidas por mais tempo do que determinado pela lei em instalações semelhantes a tendas até serem deportadas

Por Da Redação
Atualizado em 30 jul 2020, 19h36 - Publicado em 6 nov 2019, 09h56

Mais de 50 brasileiros passaram entre 15 e 25 dias presos pela polícia americana em instalações semelhantes a tendas na fronteira entre os Estados Unidos e o México, informou o jornal The Washington Post nesta terça-feira 5. Entre os detidos havia famílias, incluindo muitas crianças.

O período em que o grupo ficou preso é muito superior ao prazo máximo de 72 horas determinado pelas autoridades dos Estados Unidos para a detenção de migrantes nos abrigos da fronteira. O limite foi estabelecido para evitar a superlotação.

O Ministério das Relações Exteriores brasileiro disse que os migrantes ficaram na cidade de El Paso, na fronteira do Texas com o México, até serem deportadas para Belo Horizonte em 25 de outubro.

As famílias brasileiras fazem parte de um grupo de cerca de 70 brasileiros deportados dos Estados Unidos no mês passado. Como os registros de prisão por imigração ilegal não são públicos, é impossível saber exatamente quando cada migrante tentou entrar no país, mas estima-se que a maioria tenha tentado cruzado a fronteira no final de setembro ou início de outubro.

As autoridades americanas não esclareceram por quanto tempo os brasileiros ficaram detidos nas instalações do escritório de Proteção a Alfândegas e Fronteiras (CBP, na sigla em inglês), ou porque eles não foram liberados dentro do prazo de 72 horas estabelecido pela lei.

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O CBP também não confirmou quantas crianças estavam no grupo. Segundo o Post, grupos que advogam pelos direitos de imigrantes na região afirmaram que ao menos 30 dos presos eram menores, incluindo bebês.

O escritório alfandegário afirmou ainda que as famílias dormiam em um grande quarto nas instalações, em colchões de 10 centímetros de espessura. Os detidos tinham acesso a chuveiros, banheiros, lavanderia e refeições quentes, incluindo comida para bebês.

No local, não há áreas para as crianças brincarem ou escolas. O Post descreve as instalações como “fortes e compactas” com “paredes de borracha pressurizada”.

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Heloísa Galvão, diretora de uma organização de mulheres em Massachusetts, afirmou ao Post que as famílias detidas relataram não ter acesso a advogados ou telefones, e que não tinham direito a banhos diários. Algumas das crianças, incluindo duas meninas de 1 ano de idade e uma de 2 anos, ficaram doentes durante o período em que ficaram presas.

Procurado por VEJA, o Ministério de Relações Exteriores brasileiro afirmou que estava ciente da detenção dos brasileiros e que o grupo era formado por 51 brasileiros, integrantes de 19 núcleos familiares. Os migrantes tentaram entrar ilegalmente no território americano e solicitar refúgio, mas seu pedido foi negado.

“Não foram verificados maus-tratos ou abusos de qualquer natureza. As famílias não foram separadas”, afirmou o Ministério em nota, ressaltando que o Consulado-Geral do Brasil em Houston prestou apoio consular aos brasileiros detidos, com realização de visita ao grupo em El Paso, além de contatos com as autoridades americanas competentes.

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“Ressalte-se que as autoridades consulares brasileiras acompanham, de forma permanente e atenta, os casos de brasileiros detidos por irregularidades em sua situação migratória, atuando para apoiar esses nacionais, nos limites impostos pela legislação e soberania dos EUA”, diz ainda o comunicado.

De acordo com o governo dos Estados Unidos, cerca de 17.000 migrantes brasileiros chegaram em El Paso, no Texas, no último ano fiscal, que terminou em setembro.

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