O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta quarta-feira, 8, que o Brasil deve defender a paz e repudiar o terrorismo, ao comentar o discurso do presidente dos Estados Unidos Donald Trump. A declaração de Bolsonaro foi dada em uma transmissão ao vivo em suas redes sociais, logo após o pronunciamento de Trump.
No vídeo, Bolsonaro também criticou o encontro do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, em 2009. À época, Lula defendeu que o Irã pudesse “desenvolver um programa nuclear com fins pacíficos e com respeito aos acordos internacionais”.
“Muitos acham que o Brasil deve se omitir no tocante aos acontecimentos. Quero dizer apenas uma coisa: o senhor Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto presidente, esteve no Irã, e lá defendeu que aquele regime pudesse enriquecer urânio acima de 20%, que seria [o limite] para fins pacíficos. Complementaria apenas com uma questão. Nós temos que seguir as nossas leis, não podemos extrapolar. Mas acredito que a verdade tem que fazer parte do nosso dia a dia. Nós queremos paz no mundo. Repito: o senhor Lula, enquanto presidente, esteve no Irã, e lá defendeu, naquela época, junto com o senhor Ahmadinejad, que aquele país enriquecesse urânio acima de 20%”, disse Bolsonaro.
Na sequência, Bolsonaro cita o artigo 4º da Constituição para justificar o posicionamento brasileiro sobre a tensão entre Estados Unidos e Irã. “A nossa Constituição diz aqui, em seu artigo 4º, que a República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: a defesa da paz e no repúdio ao terrorismo”.
O acordo nuclear de 2015, assinado pelo Irã e pelos Estados Unidos, impõe restrições ao programa nuclear iraniano, a fim de impedir que o país produza uma bomba. Em troca, a maioria das sanções americanas e internacionais contra a economia do país foram retiradas. O documento também estabelece que o Irã só pode manter um estoque de 300 quilos de urânio pouco enriquecido. O país pode enriquecer urânio a apenas 3,67%, que pode ser utilizado para abastecer, por exemplo, um reator. No entanto, a porcentagem está longe dos 90% necessários para produzir uma arma atômica. O acordo também limita o número de centrífugas que o país pode operar e as reduziu a modelos mais lentos e antigos.
No domingo 5, o governo iraniano afirmou, em comunicado oficial, que deixará de cumprir as limitações previstas no acordo. O descumprimento foi a primeira resposta do Irã ao assassinato do general Qasem Soleimani, comandante da divisão de elite da Guarda Revolucionária do país.